TRANSgressão: MC Linn Da Quebrada

    Segura que é rap e funk de bicha preta de favela mesmo!

    Se tu quiser ficar comigo, boy, vai ter que enviadescer!

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    Você é muito destemida ao enaltecer e relatar o seu dia a dia em tom provocador, com detalhes que arrepiariam o Feliciano, para dizer "é assim mesmo, goste ou não".

    Sim, em vez de ficção, prefiro atuar com obras de fricção entre a realidade, entre nossos corpos e ela se torna possível através da provocação. Porque a realidade do ódio a quem não é binário não foi ultrapassada. Estou falando de algo que é presente para mim. Estou falando do meu corpo, da minha história. Estou me dando o direito de falar de uma realidade apagada e esquecida e que me vem crua. A vida é violenta. Trago isso nas minhas músicas.

    Concorda com o termo Gay Power para suas músicas?

    Eu trago muito forte em mim a questão do meu corpo e o fato de ser bicha preta que passa por opressões, mas o que mais tento com minha atuação é me sobrepor e nos ver além de bichas, transviadas, sapatões para nos ver como corpos "enfuderados", prontos pra fuder com esse sistema caduco.

    Somos um Coquetel Molotov que deixou de ser minoria, muito mais poderoso do que regras que tentam nos enquadrar num catálogo como militantes gays. Minha música possibilitar diálogo, troca e encontro. "Gay Power", "Som de Bicha Preta" é apenas uma das maneiras de enxergar o que faço para dar voz a uma parte da população raramente tem espaço para falar sobre si mesma.

    No palco, as pessoas te aplaudem e ovacionam, mas a realidade não é tão bonita assim no dia a dia das trans.

    Por isso canto também como protesto. Estar no palco é um avanço e parte de um processo. Porque antes estávamos apenas no escuro, à margem, no esgoto e na sarjeta. O espaço reservado para nós era somente nas ruas durante noite. O que tento fazer é ser ouvida ao invadir e contaminar por onde passo com essa incursão pela realidade trans.