O McLanche Feliz Pode Estar Reforçando O Sexismo Nos Seus Filhos

McLanche Feliz exclui a Peach da campanha dos brinquedos do MarioKart8 deste mês, embora nas campanhas dos outros países ela tenha aparecido. Entenda as prováveis razões.

Já faz um tempo que as meninas do vídeo do FCKH8 falaram o óbvio para geral. E o óbvio chocou muita gente: PAREM COM ESSA MERDA SEXISTA no mundo das crianças (e no adulto também).

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Garotas são poderosas pra c*r*lho!

Esta imposição cultural que limita o momento da brincadeira das garotas ao imaginário dos cuidados com a casa e com os filhos, contudo, parece nunca ter fim. E uma rápida busca por "Brinquedos de Menina" no Google escancara a verdade na nossa frente.

Que merda é essa? Cadê os brinquedos de aventura? Que estimulam a menina a se empoderar? A entender que são maravilhosas e podem tudo?

Nada contra brinquedos que estimulem a criança a gostar de cuidar do lar, ou de um bebê... Mas por que imagens como essa abaixo, com garotos, são ainda tão raras? Cuidar de um bebê não é tarefa de um homem também? E cozinhar? E varrer?

Arlee Sebryk / Via mysmallpotatoes.com

Projeto da maravilhosa Arlee Sebryk conheça melhor aqui

Se você não consegue enxergar o quão grave isso é, assiste a este vídeo elaborado pelo Governo do Equador para entender como estas imposições simbólicas propagam e reciclam o machismo geração a geração.

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No Equador, seis a cada dez mulheres são agredidas física, sexual ou verbalmente. Consegue entender a gravidade disso?

O problema é que esta violência simbólica também é uma verdade no Brasil. O McLanche feliz tem sido a prova viva disso - lançando em suas campanhas, muitas vezes, duas opções de brinquedos: o do menino e o da menina (mesmo que eles não digam isso).

Carrinho para o menino que vai ser o supridor do lar, que vai sair de casa para trabalhar e gerar sustento. E boneca para a menina se preocupar em se vestir bem e estar sempre linda em casa para esperar o homem chegar. Qual é o século mesmo? Me perdi aqui.

Claro que o McDonald's não é o criador desse apartheid de gênero imposto ao universo infantil. Aliás, a verdade é que eles não conseguiriam impulsionar a venda de McLanche para garotos, se a única opção ofercida fosse a Barbie.

Todos nós somos os responsáveis por essa divisão sexista, dai a dia.

Afinal, repetimos esse discurso mundo adulto afora, como se fosse natural e existisse o "lugar do homem" e o "lugar da mulher".

Em sua fanpage, a marca até tenta ser justa, informando aos seguidores que as crianças são livres para escolherem o brinquedo que quiserem.

Mas fica difícil defender a miga, quando o discurso não é unificado. Se a criança pode escolher o que quiser, por que tiraram a Peach da campanha nacional do McLanche Feliz? Que mensagem se quer passar com isso?

Garotas também jogam videogame, Grande M, e são uma BOA parcela do mercado.

Na internet, claro, as desculpas ilógicas para a justificar ausência da Peach já começaram surgir. Uma delas diz que o brinquedo é mal acabado e que ninguém ia querer comprar.

Se havia realmente alguma crítica contra a qualidade do brinquedo da única representativa feminina, que tal então EXIGIR QUALIDADE (e não excluir)

E se fosse o Luigi? Saia?

A coisa complica ainda mais, quando comentários criticando a omissão da personagem na campanha dos toys do Mario Kart 8 são ocultados da Fanpage do McDonald's - ficando visível apenas para os amigos de quem posta.

Tudo que aconteceu nessa treta está explicado aqui

Outros usuários têm lotado a página do McDonald's Brasil também querendo respostas do paradeiro da Peach. Mas, claro, estão sendo ignorados enquanto qualquer outro que dê um espirro em forma de elogio tem recebido feedback da mídia.

Para a gente viver logo em um mundo em que a Peach está empoderada e não precisa ser mais resgata por ninguém, é preciso que a gente lute contra essa misoginia e essa cultura de brinquedo de menino e brinquedo de menina.

Pelo direito de existir. De representatividade. De visibilidade. Pelo direito de as garotas gamers se sentirem representadas. Pela democratização de gênero do videogame. E porque SIM é muito legal ver garotas dirigindo.

Mas se depois disso tudo você ainda não consegue entender a gravidade de tudo. Deixa a Riley, no auge dos seus quatro anos de idade bater a real para você.

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Neste dia das crianças, lembremos que não existe brinquedo de menina e brinquedo de menino. Só existe brinquedo de Criança. Não nos calemos e nem deixemos a luta contra o Machismo ser silenciada!!