O Vocabulário Feminista E Onde A Gente Já Viu Isso Na Cultura Pop

Manterrupting, gaslighting, slutshaming e outras coisas atitudes babacas que a gente só aprendeu a dar nome agora

Os grupos feministas são incríveis. Eles empoderam as migas, lutam contra machismo, racismo e outras porcarias da sociedade e, divulgando suas ideias, muitas vezes dão força e autoestima para muitas mulheres mudarem suas vidas.

Outra coisa muito legal é que as feministas da nossa leva (tem mais de uma geração envolvida, então vou chamar de "leva" mesmo) usam termos para falar de problemas bem específicos dessa luta. Com eles, a gente pode entender e direcionar nossos esforços especialmente contra alguns absurdos que vemos por aí. Mas será que a gente entende todos esses termos mesmo?

As palavras do vocabulário feminista são muitas, o que prova que a língua está em constante movimento e as discussões da área também. Muitas delas são em inglês, e nem sempre a gente pega o significado de primeira. Por isso, vamos falar aqui sobre cinco expressões importantes e mostrar como elas podem acontecer na vida com exemplos da cultura pop:

Gaslighting

É uma prática frequente em relacionamentos abusivos. Acontece quando alguém, além de não te respeitar como deveria, tenta jogar situações e problemas sempre contra você, usando discussões que sempre dão a entender que você está louca, paranoica, que a culpa é sua. É um jogo de sentimentos pesadíssimo.

Na cultura pop:

lembra aquela música-chiclete do Gotye com a Kimbra, "Somebody That I Used to Know"? Na parte dele, é tudo uma dor de corno só, um sofrimento de ser deixado por uma pessoa que amava. Aí, na parte dela, olha o que a gente encontra:

Mansplaining

Esse é clássico: é o caso de só um homem achar que pode dar valor a um trabalho, um pensamento, algo racional. É quando ele vai lá te explicar uma coisa óbvia, mas que você não deve ter entendido porque né, você é mulher. Ou quando outros homens só dão importância ou confiança a alguém no trabalho (em uma reunião, uma venda, uma proposta) quando fala com um homem – uma mulher fazendo a mesma coisa não teria a mesma capacidade. Aham. Vão vendo.

Na cultura pop:

Taylor Swift foi, em 2015, a pessoa que mais vendeu disco no mundo. Ela conseguiu este feito com o 1989, CD que lançou no fim de 2014 e que fez o maior sucesso por ter músicas ótimas, escritas por ela, que agradaram fãs no mundo todo. A imprensa especializada (Rolling Stones, Vulture) até soube dar o reconhecimento necessário a Taylor como grande ícone da cultura pop. Ok. Mais tarde em 2015, o cantor Ryan Adams fez um disco inteiro só com covers dele do 1989. Foi só então que a imprensa mais "cult" começou a falar sobre as canções. De acordo com a New Yorker, o álbum, na voz do homem, ficou "mais sincero que o original". Na versão da Taylor, é um trabalho metido, uma provocação sexy sobre a vida de uma mulher ousada. Já a versão de Adam é muito mais profunda, um lamento discreto sobre problemas no amor. E isso, claro, tem muito mais valor. Eu tenho muita raiva dessa situação para emitir comentários racionais sobre o caso, sabe.

Manslamming

A pesquisadora britânica Beth Breslaw decidiu fazer uma experiência: cansada de ver homens ocupando espaço demais no transporte público e na vida em geral, ela passou a andar nas ruas sem desviar de ninguém. Ela descobriu um "fenômeno" chamado de manslamming, que é o fato de que homens costumam desviar muito menos das outras pessoas durante seu caminho – eles simplesmente não se mexem, esperam que você, mulher, saia da frente. Ela também trombou com mulheres, mas, além de isso ter acontecido muito menos vezes, as minas também eram mais educadas e pediam desculpas com mais frequência

Na cultura pop:

No primeiro episódio de Sex and the City, Carrie está saindo de um prédio quando tromba com um homem. Além de sair sem pedir desculpas, ele anda tão sem noção que a força do encontro faz com que sua bolsa caia e seus pertences se espalhem no chão – inclusive suas camisinhas. É nesse momento que Mr. Big para, ajuda a protagonista e daí pra frente a gente sabe no que deu.

Bropriating

Sem talento necessário para criar sua própria obra prima, bropriating é o que acontece quando um homem se apropria do trabalho de uma mulher, dizendo que a ideia é dele, o mérito é dele e ela que fique nas sombras. Bitch, please, né.

Na cultura pop:

O filme Grandes Olhos fala sobre a história da pintora Margaret Keane, que fez sucesso com suas obras nos anos 50 mas teve um problemão nos anos 60, quando seu marido fdp quis reivindicar os direitos do trabalho dela, dizendo que era tudo mérito dele.

Slutshaming

Esse infelizmente não é um problema praticado apenas por homens. Slutshaming é quando uma mulher é julgada por ter atitudes que supostamente fazem dela uma vadia, como usar roupas curtas, ficar com vários caras, sair para balada, enfim, a lista dos juízes de valor é enorme(mente ridícula).

Na cultura pop:

A Olive de A Mentira conhece bem o slutshaming. Para ajudar um amigo gay, ela finge que transou com ele. A história se espalha e logo a caridosa Olive está confirmando que transou com vários outros nerds da escola. A galera religiosa desaprova esse comportamento e logo Olive vira alvo das piores fofocas, discursos de ódio e atitudes preconceituosas.

Manterrupting

Essa é fácil: quando um homem se acha mais espertão (ou apenas melhor por ser homem) e interrompe quando uma mulher está falando.

Na cultura pop:

Olá, Kanye West.