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    10 Músicas que Citam Outras Músicas

    Intertextualidade na música brasileira é mato

    10.

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    Itamar Assumpção cantou a solidão da tarde em Ausência, do disco Intercontinental! Quem Diria! Era Só o Que Faltava!!!, (1988):

    Bem que você podia
    Pintar na sala
    Da minha tarde vazia
    Como na poesia

    E esta foi preenchida no ano seguinte pelo grupo Ira!, em Tarde Vazia (1989):

    Podia ter muitas garotas
    Mas você é diferente
    Você me ligou
    Naquela tarde vazia
    E me valeu o dia

    9. Moro onde não mora ninguém

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    Agepê estava super de boas na sua casinha afastada de tudo na música que deu nome ao seu disco de estréia Moro Onde Não Mora Ninguém (1975):

    Moro onde não mora ninguém
    Onde não passa ninguém
    Onde não vive ninguém
    É lá onde moro
    E eu me sinto bem (...)
    Uma casinha branca
    No alto da serra
    Um coqueiro do lado
    Um cachorro magro amarrado
    Um fogão de lenha, todo enfumaçado
    É lá onde moro

    Bezerra da Silva respondeu contando que enfrentava alguns problemas em Ricardão (1977):

    Eu também to morando
    onde não mora ninguém
    Lá não tem poluição
    não passa carro
    e nem passa trem
    Até aí ta tudo bem
    o que é bom dura pouco
    Vejam só o meu azar
    Imaginem que o Ricardão
    está procurando uma casa por la

    8. Essas coisas do oriente

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    Gilberto Gil voltou de Londres fascinado por novas culturas e compôs Oriente (1972):

    Se oriente, rapaz
    Pela constelação do Cruzeiro do Sul
    Se oriente, rapaz
    Pela constatação de que a aranha
    Vive do que tece

    Já o pragmático Belchior achava tudo bobagem em Alucinação (1976):

    Eu não estou interessado
    Em nenhuma teoria
    Nem nessas coisas do oriente
    Romances astrais

    7. Deixe a morena

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    Chico Buarque gravou a música Sem Compromisso de Geraldo Pereira e Nelson Trigueiro (década de 40), no seu disco Sinal Fechado (1974):

    Você só dança com ele
    E diz que é sem compromisso
    É bom acabar com isso
    Não sou nenhum pai-joão
    Quem trouxe você fui eu
    Não faça papel de louca
    Prá não haver bate-boca dentro do salão

    E cantou o outro lado da situação em Deixe a menina, no disco Vida (1980):

    Não é por estar na sua presença
    Meu prezado rapaz
    Mas você vai mal
    Mas vai mal demais
    São seis horas o samba tá quente
    Deixe a morena com a gente
    Deixe a menina sambar em paz

    E cantou ambas na sequência no show que deu origem ao disco Chico Buarque Ao Vivo - Le Zenith, Paris (acima)

    6. Deixa de arrastar o teu tamanco

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    A briga entre Noel Rosa e Wilson Batista rendeu quase uma dúzia de ótimas músicas-resposta, tanto de um quanto de outro. E a coisa começou assim:

    Wilson Batista cantou a malandragem em Lenço no Pescoço (1933):

    Meu chapéu de lado
    tamanco arrastando
    lenço no pescoço
    navalha no bolso
    eu passo gingando
    provoco e desafio
    eu tenho orgulho de ser tão vadio (...)

    Noel Rosa retrucou em Rapaz Folgado (1934):

    Deixa de arrastar o teu tamanco
    pois tamanco nunca foi sandália
    e tira do pescoço o lenço branco
    compra sapato e gravata
    joga fora essa navalha
    que te atrapalha (...)

    (veja aqui como foi o resto do duelo)

    5. A malícia de toda mulher

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    Noel Rosa destilou mágoa por sua amada, a dançarina de cabaré Ceci, em Pra que mentir:

    Pra que mentir se tu ainda não tens
    Esse dom de saber iludir?
    Pra que, pra que mentir
    Se não há necessidade de me trair?
    Pra que mentir, se tu ainda não tens
    A malícia de toda mulher?

    Catano Veloso gravou a música de Noel e respondeu como se fosse a mulher na faixa seguinte, Dom de Iludir, no disco Totalmente Demais (1986):

    Não me venha falar na malícia
    De toda mulher (...)
    Você diz a verdade
    A verdade é seu dom de iludir
    Como pode querer que a mulher
    Vá viver sem mentir?

    4. Existem mil histórias

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    Música que cita a música que cita a música:

    a) Roberto Carlos conta uma de suas muitas histórias de carros em Calhambeque do disco É Proibido Fumar (1964), em um interessante caso de auto-citação:

    Essa é umas das muitas histórias que acontecem comigo
    Primeiro foi Suzy quando eu tinha lambreta
    Depois comprei um carro e parei na contra-mão
    Tudo isso sem contar o tremendo tapa que eu levei com a história do Splish Splash
    Mas essa história também é interessante

    E termina:

    Existem mil histórias de carros e garotas
    Esta é apenas uma delas

    b) E a banda Os Mulheres Negras parafraseia Roberto e conta, em Eu Vi (É Duro Ser Preto), do disco Música e Ciência (1988):

    Existem mil histórias de carro e racismo
    Esta é apenas uma delas

    3. Que tudo mais vá pro inferno

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    Roberto Carlos desafiou a sociedade católica da época em Quero Que Vá Tudo Pro Inferno (1965), cantando:

    Quero que você me aqueça nesse inverno
    E que tudo mais vá pro inferno

    E Caetano Veloso desafiou o refinamento da bossa-nova citando o popularesco cantor em Tropicália (1967):

    O monumento
    É bem moderno
    Não disse nada do modelo
    Do meu terno
    Que tudo mais vá pro inferno, meu bem

    2. Não vou porque não

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    Caetano Veloso cantava cheio de felicidade em Alegria Alegria (1967):

    O sol é tão bonito
    Eu vou
    Sem lenço, sem documento
    Nada no bolso ou nas mãos
    Eu quero seguir vivendo, amor
    Eu vou
    Por que não?

    Vinte anos depois, a música geraria uma resposta mal-criada da banda punk Replicantes, em Porque não (1986):

    Me disseram que sem lenço era a grande solução
    Joguei fora os documentos e acabei no camburão.
    Eu não vou porque não
    não vou porque não
    não vou porque não, não!

    1. O sol não é tão bonito

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    Mas a resposta mais curta e sincera de todas ao otimismo desenfreado de Caetano vem com Belchior, em Fotografia 3 x 4 (1976):

    Veloso, o sol não é tão bonito pra quem vem
    do norte e vai viver na rua

    :(

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