Controlando O Calendário Sem Utilizar As Mãos Com Claudinho E Buchecha

Resenha de músicas que ninguém nunca se importou em resenhar

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Quando eu tinha um mp3 player (lembra?) lotei o aparelho com minhas músicas favoritas de bandas indie e lá no meio joguei “Só Love” do Claudinho e Buchecha. Aí eu esquecia que ela estava lá. É indescritível a sensação de ouvir rolar essa batidinha depois de umas 50 músicas meio sujas, meio deprê. Recomendo como terapia. Dava uma levantada animal no meu dia.

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A batidinha em questão, para quem ainda não sabe, é um sample de “Da Da Da”, hit dos anos 80 dos alemães do Trio. Legal chamar um trio de Trio, né? Não tem muito a ver, mas lembrei de uma amiga minha que deu à cachorrinha que adotou o maravilhoso nome de Dupla Sertaneja. Taí um nome massa pra um bicho de estimação!

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À batida soma-se uma sequência de acordes de violão e logo em seguida o refrão. Curto muito quando ele já vem no começo da música. Acho que se faz isso quando se tem muita fé de que o refrão tem apelo suficiente. Esse certamente tem, e de sobra. E o mais fantástico é que você canta junto e sente exatamente aquilo que está sendo entoado: só love.

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Eu sou alucinado por músicas absurdamente românticas. “Quero de novo com você, me atracar com gosto, corpo alma e coração”, começa Buchecha. Puta xaveco foda! Logo em seguida vem o momento da música que frequentemente provoca reações descabidas. “O que é controlar o calendário sem utilizar as mãos?”, já ouvir muita gente perguntar, fazendo troça. Não consigo entender essa dúvida, quando a frase é tão simples.

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Você vai reencontrar alguém que curte muito, que está morrendo de vontade de ver, de chamegar, de ficar pertinho, de agarrar e não soltar mais. E a ansiedade é tanta que você sabe exatamente quando vai ser isso. Você sabe o dia e a hora, de cabeça, sem precisar olhar no calendário. É a mesma expectativa que você tem para o final de semana, para uma viagem, para o Carnaval, para a data de cair o décimo terceiro. Décimo terceiro é só love também, convenhamos.

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Claudinho repete os mesmos primeiros versos, dessa vez com o charme certeiro de sua língua presa. Saudades, Claudinho! Falando sobre língua presa, lembrei que temos grandes ícones musicais com anquiloglossia: Claudinho, Luiz Carlos (Raça Negra), Cazuza... Mas não consigo me lembrar de nenhuma mulher. Ajuda?

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O pré-refrão é bem fofo, como toda a música. Aí vem uma parte mais complexa que a do calendário: “Eu vivo a sonhar, pensando em você, delírio de jogar futebol”. Essa eu não saquei. Só posso concluir que eles curtiam muito o esporte. Mas o legal mesmo é que nessa parte da coreografia tem uma simulação de um chutinho. Então foquemos na coreô e tá tudo certo!

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Os versos se repetem, dessa vez com Claudinho cantando primeiro e Buchecha depois. Repara nessa linha de baixo. Coisa fina! O synth do refrão é outra cerejinha nesse bolo. Ele sobe e desce, imprevisível. De quebra, na ponte, tem uma abertura de segunda voz de derreter qualquer coração gelado.

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E volta o refrão, mais uma vez. Podia voltar mil vezes, não dá pra cansar. Primeiro vem com uma marcação simulando palminhas (ou estalo de dedos), depois a batidinha ameaça voltar, mas deixa no vácuo. No final, Claudinho e Buchecha variam os tempos e entonações do refrão. E assim é esse tal love, afinal, não é? Bem variado. Ainda bem.