Como acontece muitas vezes, algumas pessoas só conseguem perceber a gravidade de um problema quando ele as atingem. Ou atinge alguém muito próximo. O problema da homofobia é um deles. O Grupo Gay da Bahia (GGB) registrou 312 assassinatos de gays, travestis e lésbicas no Brasil em 2013, média de uma morte a cada 28 horas.
2014 não começou muito diferente, com manchetes como as abaixo aparecendo em diversos veículos de comunicação:
Essa série de novos casos motivou o analista de eventos Caio Locci a criar uma campanha para conscientizar mais pessoas sobre a violência contra a comunidade LGBT. Ele acreditava que a mídia também não faz o seu papel de investigar e dar mais visibilidade a esses crimes:
Eu vivo postando coisas sobre homofobia e a causa gay, mas só escrever não chama a atenção de quem precisa ler sobre isso. Foi quando pensei em colocar minha foto no lugar da manchete de um caso que aconteceu em SP dias depois. E funcionou. Várias pessoas se assustaram ao ver meu rosto numa notícia de morte. Algumas acharam que era um brincadeira de mau gosto, mas depois entenderam o ponto.
Foi quando ele se juntou ao publicitário Gabriel Colombo e os dois criaram a página e movimento #eSEfosseEU. A ideia é que qualquer pessoa – dentro ou fora da comunidade LGBT – coloque sua foto junto com uma dessas manchetes, chamando assim a atenção para crimes dessa natureza:
Queremos que aquelas pessoas que acham que a homofobia nunca vai atingir um amigo ou parente se juntem à causa e lutem por um país menos homofóbico e preconceituoso. É importante aproveitarmos essa época de eleições para dar visibilidade aos LGBT's e suas necessidades, por isso queremos chamar a atenção de todos nas redes sociais
Em apenas cinco dias, a página da campanha conseguiu mais de 1100 fãs. Caio e Gabriel notaram a participação de pessoas no Twitter e criaram uma conta lá para criar uma comoção maior.
Para quem não sabe o projeto de lei 122/2006, que criminaliza a homofobia, inclui a discriminação por orientação sexual no Código Penal, na lei de crimes de preconceito de raça e de cor e na Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
Infelizmente o texto ainda está parado no Congresso Nacional por empecilhos gerados por parlamentares de lideranças religiosas.