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    O Perigo Do Fenômeno Religioso.

    Um pensamento sobre como e quando os regimes autoritários religiosos aparecem e ganham força.

    Se levarmos em consideração os acontecimentos recentes poderemos perceber um gigantesco aumento no número e força das organizações fundamentalistas. A mais famosa: a invasão de parte do Iraque e Síria pelo grupo Estado Islâmico do Iraque e do Levante (EIIL) ou simplesmente Estado Islâmico. O Estado Islâmico é uma força popular armada que pede a implantação de um califado e pleno cumprimento das leis islâmicas, a sharia, nos estados em que é implantado. Eles possuem uma polícia própria, a Hisbah, que caça os pecados mundanos pelas ruas de Raqqa, cidade da Síria considerada a capital do novo governo islâmico.

    O Hisbah alerta os cidadãos sobre práticas contrárias a Sharia, são proibidas bebidas alcoolicas, imagens de artistas de estados considerados imperialistas, e mulheres mostrando alguma parte do corpo, e ainda fiscalizam se os muçulmanos cumprem o mês do Ramadan. Segundo informações colhidas pelos serviços da CIA eles podem possuir mais de 31000 combatentes com um grande número de ocidentais, que segundo a CIA podem voltar e provocar atentados terroristas. Porque o povo permite esse tipo de governo? O Estado Islâmico da ao povo muçulmano alimento, protege os consumidores de táticas de venda não muito justas, e resolve pequenos problemas familiares. Isso é motivo para o povo apoiar um estado islâmico? Sim! E digo o porque: Sabemos que as regiões do Oriente Médio sofrem com um nível de distribuição de renda muito baixas eles querem, como nós, serviços melhores do poder público, no caso acima dito, uma policia eficiente, mais presente no povo. Isso pra uma criança que cresceu assistindo o massacre de pessoas próximas, não teve saúde de qualidade e percebeu a imensa exploração de sua terra natal pelas nações imperialistas é um motivo totalmente coerente para se inscrever em um movimento desse. Os que não tiveram acontecimentos muito parecidos durante a infância não tem outra saída ao fingir que gosta do que está acontecendo, se você dizer algo contra o regime é considerado inimigo é preso e julgado pelas leis da sharia. Não quero mais explicar o funcionamento do EI essa parte já nos leva a pensar em como ditaduras religiosas conseguem o poder com tanta eficiência. Primeiro: Pouca presença do estado na saúde, educação, abastecimento comprometidos por governos em crise, causam um sentimento de insatisfação nas famílias, o primeiro lugar em que vão pedir para que algo mude é nas suas mecas, igrejas e templos. Lá se formam o sentimento de conforto e esperança de um futuro melhor, por isso o envolvimento da religião nesses conflitos. As organizações religiosas dão ao povo o que eles tanto clamaram (saúde, educação, economia estabilizada, um estado verdadeiramente presente) e em troca pede o cumprimento das leis religiosas. O povo não tem escolha, fica muito fácil ter o poder de tudo, armas eles já possuem provavelmente doadas pelo governo americano para ajudar a caçar alguma outra organização terrorista, se uma organização foi derrotada são mais armas pra organização vencedora, gerando um ciclo de crescimento de poderio entre esses grupos. O povo revoltado pela intervenção americana em seus governos já abalados e sua sede por petróleo que o povo vê ser tirado de suas terras mas não tem nada em troca , cria mais uma organização para defender seu povo dos mesmos problemas mas agora também vingando a destruição do primeiro grupo. O mais forte a subir essa escala foi o Estado Islâmico, anteriormente ouvimos muito falar do Hamas lutando contra a interferência do Estado de Israel, este enfraquecido pelos ataques recentes do estado Israelita, ganhará muito mais força em um renascimento construído por adultos que ali viam alguma esperança de soberania ou mesmo crianças que não sabiam de nada mas durante a noite tiveram suas casas bombardeadas e seus pais mortos. A religião está ai, firme, intrínseca nos interesses do povo, ela tem esse poder de unir, todos no mesmo ideal, isso esta ai escrito pela nossa evolução, é o jargão "povo unido jamais será vencido" o único lugar que os cidadãos se encontram e sentem ter o mesmo ideal entre eles é na igreja, elevando a religião a status de meio das lutas.

    Vemos algo muito parecido deste comportamento na marcha para jesus ou na JMJ, são pessoas frustradas com seus governos que encontram esperança em uma instituição religiosa, a diferença no comportamento é a falta de armas e o imperialismo mais oculto em nosso país. Essas pessoas tem o mesmo comportamento dos militantes do estado islâmico, mas não possuem motivos para chegar ao nível adotado pelo EI. Ainda acreditamos ser seguros mesmo com um número de policiais nas ruas muito aquém do que queríamos, não achamos que o país seja tão violento, e mesmo que escassa sentimos esperança na policia, por isso os movimentos religiosos no Brasil ainda são pacíficos. Quando um estado falha em saúde religiões erguem hospitais, quando falha em educação religiões constroem escolas, quando falha em segurança religiões abrem milícias.

    A religião é um perigoso mecanismo humano para nos unir como animais sociais, a religião foi, acredito eu, um dos aspectos que permitiram que nossa espécie se sobressaísse sobre as outras. Mesmo que não em um ritual religioso esse sentimento é parecido ao que nos une em torno dos ideais do aborto ou casamento gay por exemplo, ou mesmo o de que religiões são perigosas (organizações ateístas e esse texto em si) a diferença é que cada um interpreta esse sentimento na sua maneira. Esse "perigoso mecanismo" funciona muito bem quando precisamos trabalhar em grupo, quando lutamos por mais justiça social (revolução francesa), quando fomos as ruas pedir por mudanças (julho/2013), e sai do controle quando se torna exagerado (neo-nazismo alemão, Inquisição Católica, Decapitações na jovem república francesa). Estamos vivendo algo assim, a religião une os evangélicos em torno de ideais de pensamento próprio, interpretações bíblicas próprias ou dos pastores para votar em políticos que partilham da mesma fé na esperança de que eles defendam suas exigências, pode ser corrupto mas se publicamente se declarar contra o casamento gay ou que defende a formação de uma família tradicional ganha o voto de vários evangélicos. Nesse grupo que vota apenas pela mesma fé estão os que estão cansados do péssimo tratamento que recebem desde criança do governo, não tiveram educação de qualidade, informação de qualidade, alimentação de qualidade ou serviços de qualidade do governo, e por estar acostumado com esse sentimento de acolhimento das igrejas votam em quem as também frequenta.

    Os Católicos também não são diferentes mas ao que aparenta eles apenas possuem mais recursos financeiros, não tiveram serviços de qualidade na infância mas conseguiram mudar de vida, se ele for grato a alguma religião irá defender seus ideais em rede nacional, como faz alguns padres no horário eleitoral. Se o estado brasileiro um dia perder o controle das forças policiais essas religiões se organizaram em um "substituto do governo", se o exército já tiver um grande número de adeptos esse exército sucumbe aos mesmos ideais e derruba o governo vigente, hoje estão se organizando para votar para presidente em Marina Silva apenas pela sua fé, na mesma esperança dos combatentes do estado islâmico de um país melho, outra boa parte dos evangélicos votam em dilma agora não pela fé, mas por ter percebido uma melhora de vida no governo petista, e de quebra saber que durante o seu governo é escassa a esperança de movimentos gays e feministas. Os que nunca tiveram, problemas durante a infância sempre puderam comer bem, puderam beber bem, ter o que via na televisão vota em Aécio, não que eu queira dizer que só quem é rico vota em Aécio, não! Os eleitores que sobram depois dessa união de sentimentos não perceberam esperança em algum candidato religioso, ou com políticas pró-religião, são católicos que sempre tiveram bom tratamento pelo governo e por isso não percebem nenhuma ausência governamental, as vezes até o querem mais fraco.

    É perigoso a forma que as igrejas vem conseguindo poder no Brasil da mesma maneira que as mecas conseguiram nos países do Oriente Médio, por enquanto parece pacífico, apenas defensores ferrenhos das ideias do livro sagrado (a bíblia no nosso caso). Ainda temos uma polícia forte, a única coisa que nos impede de sucumbir em um estado totalitário religioso como sofrem o povo do irã, por exemplo, falando em irã, pesquisem sobre a revolução islâmica e quais eram suas reivindicações, é o mesmo processo se repetindo em vários países, os países ocidentais não passam por isso pois os responsáveis pelas suas crises são ocidentais e não causam tanto estrago em "nações amigas" como o Brasil. Mas essa exploração vem começando a ser percebida, acumulada com os tempos pode gerar uma grande tomada do poder pelo povo não em uma revolução comunista como na Rússia em 1914 onde os operários se encontravam em sindicatos mas em uma revolução pela família, como eu imagino que a chamariam, por se encontrar em igrejas e serem maioria do povo.

    Se não tivermos uma educação de qualidade com ciência explicada de forma clara, filosofia mais abrangente, história e o estudo como um todo serão numerosos seus defensores e adeptos, irão ver os mais estudados (psicólogos, engenheiros e médicos) como líderes já que esses também compartilham da mesma fé gerando políticos como Bolsonaro que só por defender ideais que reivindica-se ser da religião cristã. Eles são vistos como líderes de uma nova revolução, até mesmo campanha para que Bolsonaro se candidatasse a presidência aconteceu. Eu sei que cada religioso pacífico (cidadão de bem) não tem a intenção de ajudar a implantar um governo totalitário, mas os ajudam ao defender falas de Feliciano e Bolsonaro nas redes sociais, a tomada de poder está se formando e os defensores dos pretendentes mesmo que pacíficos são quem vai dar a base pra que esses revolucionários consigam pular dentro do poder, o que sobrará será terras de suas solas na cara. Cabe a cada um religioso de bem brasileiro dê a cara a bater e diga que não concorda com os dizeres dos líderes, se concorda ou repreende opiniões fazem parte desse terrível pensamento religioso homofóbico e retrocesso. Cabe a cada evangélico gay que quer continuar a ter liberdade para ter relacionamentos sem ser preso por isso devem parar de ajudar a instituição, mesmo que por fora pareça bondosa, os verdadeiros interesses vem de dentro a lutar contra você mesmo. O voto dos evangélicos precisa parar urgentemente de ser por fé, precisa ser pelas propostas e idoneidade dos candidatos o que hoje a grande massa não demonstra.