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Este Quiz foi elaborado pelas alunas Elisa Leone, Elisa Maschio, Giovana Astolfi, Ingridy Silva e Maraysa Gouvêa, do 3º ano do curso de Fonoaudiologia da UNICAMP, orientadas pela Profª Dr. Regina Yu Shon Chun, com o intuito de disseminar informações sobre o processo de aquisição de linguagem.

Mitos e Verdades: Quanto Você Sabe Sobre Aquisição Da Linguagem Na Infância?

Diversas teorias procuram explicar como as crianças desenvolvem a fala e a linguagem. Em comum, todas destacam a importância do meio em que a criança está inserida e sua relação com o outro para o desenvolvimento da fala e da linguagem. Assim, a mãe ou o cuidador tem papel fundamental nesse processo. A fala materna, conhecida também como “manhês”, apresenta características como frases simples e curtas, ajustadas ao nível de compreensão e interesse da criança além da prosódia (entonação da fala), que atraem a atenção do bebê, convocando-o a participar do diálogo e da interação. O bebê, nesse processo, irá se expressar de diferentes formas como o sorriso, olhar, choro, vocalizações e balbucios, meios pelos quais trará a mãe para junto de si. O bebê reage assim, pois é prazeroso para si e também percebe que é prazeroso para a mãe/cuidador e, dessa forma, traz o outro para perto de si. Por fim, para que o bebê desenvolva a linguagem, é necessário a interação humana, como o toque, o contato, as expressões, a linguagem corporal.  
_Fonte: Schermack KQ. O desenvolvimento linguístico infantil na perspectiva interacionista: o papel do outro na aquisição da língua materna. In: I Seminário Internacional De Aquisição Da Linguagem, 2011. Porto Alegre - RS. Anais… Editora PUCRS, 2011._

VERDADE!

É importante conversar com o bebê, mesmo que ele ainda não fale.

A alimentação está diretamente ligada com a aquisição da linguagem, pois utilizamos o mesmo sistema para comer e falar. É necessário uma introdução alimentar que contemple diversas texturas e consistências, inclusive, as mais firmes. Dar apenas alimentos pastosos para o bebê não estimulará sua mastigação e com essa falta de estímulo, os músculos da face também não irão se desenvolver da melhor maneira. A falta de mastigação pode gerar uma flacidez dos músculos e da língua, e isso faz com que ocorra um possível comprometimento da inteligibilidade da fala, afetando a produção adequada dos sons, existindo a possibilidade de ocorrer trocas ou distorções, pois os músculos poderão não ter a força e a mobilidade para produzir a fala, devido a falta de uma estimulação. A mastigação dos alimentos mais consistentes e sólidos estimula a força e movimentação da musculatura facial e isso fará com que as estruturas faciais do bebê cresçam e se desenvolvam corretamente, fazendo com que as funções da fala ocorram de maneira adequada.  
_Fonte: VIEIRA, Victor Costa Alves Medeiros; ARAUJO, Cláudia Marina Tavares de; JAMELLI, Sílvia Regina. Desenvolvimento da fala e alimentação infantil: possíveis implicações. Rev. CEFAC, São Paulo , v. 18, n. 6, p. 1359-1369, Dec. 2016._

MITO!

"Dar só comida pastosa pro meu bebê não vai interferir em nada no processo de aquisição de linguagem".

A audição é importante para o bebê falar, visto que para adquirir a língua e para produzi-la, é necessário perceber, decodificar e compreender os estímulos auditivos que estão à sua volta. Quando o bebê começa a balbuciar, ou seja, a produzir sons como “mama” ou “dada”, por exemplo, a mãe ou o cuidador da criança participa interagindo com ela e atribuindo significado ao que a criança produz. Por exemplo, quando o bebê fala “mama”, a mãe entende que ele está falando “mamãe” e atribui esse significado para sua fala. Caso o bebê tenha uma perda auditiva, ele não terá uma resposta auditiva do outro, nem dos próprios sons que está praticando, para continuar o processo de aquisição da fala, com o aparecimento de outras palavras. Quanto maior o grau da perda auditiva e quanto mais cedo for seu início, maiores serão os impactos negativos no desenvolvimento da fala. Portanto, fique atento se o bebê parar de responder ao seu comando de voz, pois pode ser um indício de perda auditiva. Neste caso, é importante procurar um médico otorrinolaringologista ou um fonoaudiólogo para avaliação e esclarecimentos.  
_Fonte 1: MacWhinney B. Models of the emergence of language. Annual Review of Psychology, 49, 199-22, 1998.
Fonte 2: Tristão MR, Feitosa MA. Percepção da fala em bebês no primeiro ano de vida. Estudos de Psicologia, 8(3), p. 459-467, 2003.
Fonte 3: Oliveira LN et al. Distúrbios de linguagem associados à surdez. Journal of Human Growth and Development, v. 23 n.1, p. 41-45, 2013._

Apesar de cada criança ser única e possuir seu próprio ritmo de desenvolvimento, o fato de não falar aos 3 anos é um sinal de atraso que merece atenção e precisa ser investigado por profissionais especializados. No primeiro ano de vida, espera-se que as crianças reconheçam sua própria voz e comecem a produzir as primeiras palavras e, aos 2 anos de idade, sejam capazes de manter uma conversa. Por volta dos 3 a 4 anos, a criança já é capaz de formar frases simples de 3 a 4 palavras e aos 5 anos, espera-se que tenha adquirido todos os sons da língua portuguesa e converse normalmente. Deste modo, quando uma criança não fala aos 3 anos de idade, é importante que seja avaliada por um especialista como o médico pediatra e/ou o fonoaudiólogo.  
_Fonte: Leoni, Luciana; Carmo, Caroline de Freitas. Sinais de alerta para possíveis alterações de fala: Qual o momento adequado para o pediatra encaminhar a criança ao profissional fonoaudiólogo? Revista Digital Acadêmica CREFONO1. ed. 2. 2017._

Quando uma criança de 3 anos não fala, devo esperar, pois isso não é motivo de preocupação.

O /r/ é um dos últimos sons da língua portuguesa que aprendemos a falar, por ser o mais difícil de todos. Geralmente, o processo de aquisição desse som se inicia aos 3 anos de idade e vai até os 4 anos e 2 meses. Aos 5 anos, a criança já é capaz de produzir esse e todos os sons e não realiza mais trocas. Portanto, se a criança tem 4 anos e ainda troca o /r/, ela ainda está no processo normal de aquisição. Basta ficar atento ao seu desenvolvimento, para ter certeza de que a criança vai aprender esse som até a idade esperada.  
_Fonte: Lamprecht, Regina Ritter et al. Aquisição fonológica do Português: Perfil de desenvolvimento e subsídios para terapia. Porto Alegre: Artmed, 2004. Cap. 6. pg 95-100._

É comum que uma criança de 4 anos ainda troque o R pelo L, igual ao Cebolinha.

É esperado que a criança, aos 4 anos, apresente fala e linguagem compreendida por todas pessoas do seu meio social. Os pais ou cuidadores principais podem ter maior facilidade de compreensão da linguagem pelo convívio desde os primeiros anos de vida. Contudo, quando ficar atento? A partir dos 4 anos, dado o desenvolvimento dos sistemas linguístico, auditivo e motor, a criança já é capaz de produzir a maioria dos sons da língua e apresentar estrutura frasal e vocabulário que lhe permita desenvolver diálogos e narrar fatos e vivências. Por isso, ainda que a criança possa estar em fase de aquisição de alguns sons da língua, não é mais esperado que outras pessoas tenham dificuldade para entender sua fala. Nesse caso, é importante a avaliação de um especialista.  

_Fonte 1: Prates, Letícia Pimenta Costa Spyer; Martins, Vanessa de Oliveira. Distúrbios da fala e da linguagem na infância. Departamento de Fonoaudiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais, Belo Horizonte, MG – Brasil. Revista Médica de Minas Gerais, 2011; 21(4 Supl 1): S54-S60. 
Fonte 2: Schirmer, Carolina; et al. Distúrbios da aquisição da linguagem e da aprendizagem. Serviço de Neurologia, Hospital São Lucas, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Jornal de Pediatria - Vol. 80, Nº2(supl), Abril de 2004._

É normal que, aos 4 anos de idade, apenas os pais entendam o que a criança fala.

A linguagem é a capacidade humana de produzir sentido, de se comunicar e de organizar os pensamentos. Ela é expressa por diversos meios, se manifestando de diferentes formas como a escrita, gestos, olhares, desenhos e através das relações interpessoais. A fala é, também, um dos meios de expressão da linguagem, produzida através da língua.
Por isso, os problemas de linguagem vão além da fala, isto é, uma criança pode produzir a fala corretamente e possuir uma alteração de linguagem que será expressa de diferentes formas como: dificuldades na escrita, pouca interação com o outro, falta de iniciativa de diálogo, evitar olhar para o outro, alterações comportamentais, desinteresse por outras pessoas ou brinquedos, entre outros.
Os problemas de linguagem se relacionam à diversas causas como fatores genéticos, causados por alguma lesão, fatores ambientais, sociais e emocionais, alterações anatômicas ou neurológicas.   
Essas alterações de linguagem podem ser tratadas por um fonoaudiólogo, nesses casos, procure um profissional da área!  

_Fonte 1: MELO, Patrícia Danielle Falcão; MELO, Áurea Nogueira de; MAIA, Eulália Maria Chaves. Transtornos de linguagem oral em crianças pré-escolares com epilepsia: screening fonoaudiológico. Pró-Fono R. Atual. Cient., Barueri , v. 22, n. 1, p. 55-60, Mar. 2010. 
Fonte 2: FIORIN, José Luiz. A linguagem humana: do mito à ciência. Linguística? Que é isso? São Paulo. Contexto, v.1, p. 13-34, Abr. 2013._

Problemas de linguagem não são apenas trocas na fala.

Um completo desenvolvimento da linguagem oral contribui para a aprendizado da leitura e da escrita, contudo, apesar de estarem relacionadas, não dependem uma da outra, assim, pode ocorrer um bom desenvolvimento da escrita em casos de crianças com alterações na fala. O modo como a criança adquire a linguagem tem relação com a capacidade de compreensão e percepção da fala e dos mecanismos de leitura e de escrita. Dessa maneira, é necessário que a criança perceba os estímulos sonoros, compreenda os componentes que constituem a fala, como palavras, sílabas e fonemas, e possua um desenvolvimento cognitivo bem estabelecido como pré-requisitos para a aquisição da linguagem escrita.   
_Fonte: Vasconcellos, Roseli; Del Ré, Alessandra. Paralisia cerebral: Efeitos da escrita sobre a escrita. Departamento de Linguística da Faculdade de Ciências e Letras da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Araraquara, SP - Brasil. Alfa, São Paulo, volume 61, número 2, página 319-349, 2017._

A criança durante o processo de aquisição da linguagem consegue discriminar diferentes sons de diferentes línguas. A aquisição de outra língua é mais fácil durante a infância pois os circuitos do cérebro associados à linguagem são mais flexíveis nesse período. 
Nosso cérebro possui um complexo sistema que permite que as crianças de até 5 anos, através de suas conexões cerebrais e das relações com o outro, sejam capazes de adquirir com mais facilidade uma ou mais línguas simultâneas através da exposição à linguagem. 
Quanto mais cedo as crianças conviverem com diferentes línguas, muito mais espontâneo será o resultado e menos dificuldades terão no processo. O cérebro de uma criança possui uma estrutura cognitiva com muitas conexões, é mais sensível e mais preparado para a aquisição de novos idiomas, diferente dos adultos, em que a aprendizagem de um novo idioma se torna mais difícil, visto se tornar necessária a construção de um novo sistema neural. A criança é capaz de detectar os padrões sonoros e linguísticos de cada língua e separá-los sem causar danos à língua materna, porém, para que isso ocorra, é necessário que haja interação humana neste processo.  
_Fonte: JASINSKA, Kaja; S. BERENS, Melody; KOVELMAN, ioulia; ANN PETITTO, Laura. Bilingualism yields language-specific plasticity in left hemisphere‘s circuitry for learning to read in young children. Neuropsychologia, Elsevier, p. 34-45, Abr. 2017._

Xiii, você ainda não sabe bem sobre o assunto, mas toda hora é hora de aprender coisas novas!

**Você sabe pouco...**

...mas ainda precisa aprender mais sobre o assunto!

**Você está no caminho...**

Parabéns! Você acertou a maioria, mas é sempre bom aprender mais, né?

**Você sabe bastante!**

Parabéns, você provou que sabe muito sobre a aquisição de linguagem!

**UAU! Você sabe tudo!**

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