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Aqui está o diálogo em que Lula e Sergio Moro se acusam mutuamente por ataques

Ex-presidente afirmou que juiz autorizou "vazamento das conversas da minha mulher." Moro disse que é atacado por "blogs aí que supostamente patrocinam o senhor."


No final do interrogatório, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez uma defesa de seu governo e se disse vítima da maior "caçada jurídica" do país. No ápice, Lula acusou Moro de prejudicá-lo ao autorizar a divulgação dos áudios de seus telefonemas em março do ano passado. Foi um diálogo áspero.

A irritação do ex-presidente não foi com relação à famosa conversa dele com a sucessora, Dilma Rousseff, que fulminou a sua nomeação para a Casa Civil, antes do impeachment, mas com os áudios da família dele que foram parar na imprensa.

Lula criticava a imprensa, quando Moro o interrompeu para dizer que o seu julgamento seria técnico.

"O juiz não tem nenhuma relação com o que a imprensa publica ou não publica, e esses processos são públicos", disse Moro.

"O sr. sem querer talvez entrou nesse processo [de desgastá-lo na imprensa], sabe por quê?", desafiou Lula.

"Hum", murmurou o magistrado.

"Porque o vazamento de conversas com a minha mulher e dela com os meus filhos foi o sr. que autorizou", disse Lula.

"Mas sr. presidente, eu não...", disse Moro, sendo cortado pelo ex-presidente.

Lula prosseguiu: "Eu não tinha direito de ter minha casa molestada sem que eu fosse intimado para uma audiência, doutor, ninguém nunca me convidou e de repente eu vejo um pelotão da Polícia Federal. Quando eu saí, levantaram até o colchão da minha casa achando que eu tinha dinheiro, doutor".

O ex-presidente continuou: "Então deixa eu te falar uma coisa, doutor. Eu espero que essa nação nunca abdique de acreditar na Justiça. Agora, eu queria lhe avisar uma coisa. Esses mesmos que me atacam hoje, se tiverem sinais de que serei absolvido: prepare-se, porque os ataques ao sr. vão ser muito mais fortes".

Moro respondeu e devolveu a provocação: "Sr. presidente, infelizmente eu já sou atacado por muita gente, inclusive por blogs aí que supostamente patrocinam o sr. Então padeço dos mesmos males em certa medida. Entretanto, eu vou encerrar aqui essas suas declarações, mas eu lhe asseguro que vai ser julgado unicamente nas leis e nas provas do processo, o sr. pode ficar seguro quanto a isso. Certo?"

Lula consentiu, ainda em tom desafiador: "Assim espero, doutor."

Aqui o trecho do diálogo:

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"PowerPoint mentiroso"


Antes disso, o ex-presidente afirmou que é vítima de uma "caçada judicial" e de ilações e mentiras do Ministério Público Federal.

"Eu estou sendo vítima da maior caçada jurídica que um presidente, que um político brasileiro já teve", disse.

O ataque ao Ministério Público Federal, e em especial à entrevista coletiva da força-tarefa após a sua denúncia em setembro, foi frontal.

"Eu estou sendo julgado pelo o que eu fiz no governo. Eu sou julgado pela construção de um PowerPoint mentiroso, que aquilo é ilação pura", afirmou o ex-presidente.

"Aquilo deve ter sido um ou alguns cidadãos, com todo o respeito, que, desconhecendo a política, fizeram um PowerPoint porque já tinha a tese anterior, de que o PT era uma organização criminosa, de que o Lula por ser presidente era o chefe e que portanto o Lula montou o governo para roubar", disse o ex-presidente.

"Essa é a tese do contexto que está colocada. Então, é uma tese eminentemente política", criticou o ex-presidente.

Mais adiante, Lula criticou a cobertura da imprensa a que acusou de "demonizá-lo".

"Os últimos depoimentos, das pessoas que citaram o meu nome, quais eram as manchetes do dia seguinte? Qual era o tratamento que o Jornal Nacional dava à figura do Lula? Era de criminalizá-lo", declarou.

E prosseguiu: "Ou seja, é preciso criminalizar independentemente se daqui a dois anos ele provar que é inocente. Então, doutor Moro, é importante que o senhor saiba. Isso aqui, doutor Moro, de março de 2014 pra cá, são 25 capas na IstoÉ criando a imagem de monstro do Lula. A revista Veja 19 capas. E a Época, 11 capas."

"As capas é apenas o fechamento da matéria, porque dentro é demonizando o Lula", afirmou.

Assista o vídeo com o trecho final do depoimento do ex-presidente:

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