Horas antes do mais importante depoimento do ex-presidente Lula na Lava Jato, em Curitiba, a Justiça Federal em Brasília determinou a suspensão das atividades do Instituto Lula por tempo indefinido.
Lula é investigado pela 10ª vara federal de Brasília pela suspeita de atuar para atrapalhar a Lava Jato. A ordem parte da juiz substituto Ricardo Leite, que determinou ainda que a Polícia Federal seja responsável pelo cumprimento da decisão.
De acordo com Leite, há indícios de que o Instituto Lula seja usado para mascarar crimes. Assim escreveu o juiz:
"Assim, em relação ao acusado Luís Inácio Lula da Silva, verifico pelo teor de seu depoimento que o Instituto Lula, mesmo que desenvolva projetos de intuito social, possa ter sido instrumento ou pelo menos local de encontro para a perpetração de vários ilícitos criminais. [...] Ele próprio (o réu Luis Inácio) mencionou que chamava pessoas para conversar no referido Instituto e sobre finalidades diversas do escopo da entidade, alcunhando-o de "Posto Ipiranga" diante de inúmeros assuntos ali tratados, sem qualquer agendamento das conversas ou transparência em suas atividades. Não se sabe o teor do que ali foi tratado, mas, por depoimentos testemunhais (mais especificamente o depoimento de Léo Pinheiro prestado perante a 13ª Vara Federal em Curitiba), bem como o de várias investigações em seu desfavor, há veementes indícios de delitos criminais (incluindo o descrito nesta denúncia) que podem ter sido iniciados ou instigados naquele local".
O juiz elencou ainda as suspeitas de que o Instituto era usado para viabilizar palestras para Lula como forma de receber propina das empreiteiras, além de repassar valores a familiares do petista.
A ordem acontece no mesmo dia em que Lula sofreu uma dupla derrota no Tribunal Regional Federal da 4a Região.
Lula tentou adiar o depoimento com o juiz Sergio Moro e, caso ocorresse, queria levar uma equipe para filmar a audiência. Os dois pedidos foram negados.