Numa tacada só, lista do Fachin enfraqueceu Temer e atingiu presidenciáveis do PT e PSDB

    Ministros mais próximos de Temer são investigados, assim como Lula e os tucanos Aécio, Alckmin e Serra.

    Os inquéritos abertos pelo relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, Edson Fachin, tiveram o efeito de uma bomba lançada sobre a elite política do Brasil.

    Em uma só tacada, enfraqueceram o governo de Michel Temer e lançaram novas – e graves – suspeitas sobre os nomes do PT e do PSDB cogitados para a sucessão presidencial de 2018.

    Temer, que foi mencionado num episódio de doação pela Odebrecht de R$ 10 milhões em fundos não declarados na eleição de 2014 (o BuzzFeed revelou em dezembro que parte do dinheiro foi entregue no escritório de um amigo dele), não pode ser investigado por atos anteriores ao seu mandato. Temer nega ter recebido dinheiro ilegal.

    O procurador Rodrigo Janot pediu investigação sobre atos de corrupção contra 9 ministros – um terço do atual governo. O ministro Fachin abriu inquéritos contra 8 e devolveu à PGR um inquérito, contra Roberto Freire (Cultura), para avaliar se a imputação de crime não estava prescrita (fora do prazo legal para processo).

    Entre eles, Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Secretaria-Geral de Governo), os dois auxiliares mais próximos de Temer. Padilha é o negociador com o Congresso da Reforma da Previdência, a principal agenda do governo.

    Os presidentes do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também serão investigados, assim como outros 69 congressistas das duas Casas.

    Presidenciáveis do PT e PSDB sob suspeita

    Líder em todas as pesquisas, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi citado por ao menos cinco delatores em episódios que a Procuradoria-Geral da República considera que o petista agiu em troca de favores da maior empreiteira do país.

    Numa delas, Emílio Odebrecht, presidente do conselho de administração da empreiteira, e o ex-executivo Alexandrino Alencar contaram que a empresa ajudaria a Touchdown, empresa de marketing esportivo de um dos filhos de Lula, em troca do ex-presidente "melhorar a relação" do conglomerado com Dilma Rousseff.

    Outro pedido de investigação feito pela PGR envolvendo familiares de Lula envolve o suposto pagamento de uma mesada para Frei Chico, um dos irmãos do ex-presidente. A Procuradoria também reuniu indícios, com base nos delatores, de que o ex-presidente agiu para influenciar a edição da Medida Provisória 703/2015, que estabeleceu as regras dos acordos de leniência, a pedido da Odebrecht.

    O ex-presidente, que já é réu em processos no Paraná e no Distrito Federal, vem reiteradamente negando qualquer irregularidade. As novas suspeitas serão remetidas à Justiça Federal do Paraná.

    O PSDB, partido que vem polarizando as disputas presidenciais com o PT desde 1994, também ficou enroscado na delação da Odebrecht. Seus três presidenciáveis serão investigados.

    Os senadores Aécio Neves (MG) e José Serra (SP) já haviam sido enredados no escândalo desde o ano passado, quando surgiram as primeiras revelações de que ambos foram citados por delatores da Odebrecht em casos envolvendo propina.

    A maior novidade agora foi a citação do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. Fachin enviou um pedido de investigação ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) contra o tucano, que é suspeito de ter recebido R$ 10,4 milhões da Odebrecht nas eleições de 2010 e 2014.

    Ontem, pelo Facebook, ele negou a alegação: "Jamais pedi recursos irregulares em minha vida política, nem autorizei que o fizessem em meu nome. Jamais recebi um centavo ilícito. Da mesma forma, sempre exigi que minhas campanhas fossem feitas dentro da lei."

    Os ex-presidentes e a Odebrecht

    Se a "delação do fim do mundo" lançou uma sombra de incerteza sobre o que vem pela frente, ela também instiga suspeitas sobre o que aconteceu no passado.

    Todos os ex-presidentes vivos desde a Redemocratização – José Sarney (1985-1990), Fernando Collor (1990-1992), Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), Lula (2003-2010) e Dilma Rousseff (2011-2016) – foram citados em episódios de repasse ilegal de recursos e podem ser investigados.

    Veja também:

    Executivos da Odebrecht delatam repasse de R$ 10 milhões para Alckmin em 2010 e 2014

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