Isso é o que sabemos sobre o massacre de presos que aconteceu em Roraima

    É a segunda matança de detentos em menos de uma semana. Em prisão perto de Boa Vista, 33 foram mortos nesta madrugada. Em Manaus, 56 haviam sido assassinados.

    Trinta e três presos foram mortos na madrugada desta sexta-feira (6) durante uma rebelião na Penitenciária Agrícola de Monte Cristo, em Boa Vista (RR).

    O presídio foi um dos estopins da guerra entre o Primeiro Comando da Capital (PCC) e as facções do Norte e Nordeste aliadas ao Comando Vermelho (CV), em outubro passado.

    A contagem dos corpos ainda não foi concluída, segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Segurança Pública do Estado. O número divulgado inicialmente por fontes do governo era de 33 detentos mortos.

    É o segundo massacre desta semana, depois que em 1º de janeiro 56 detentos foram assassinados no Complexo Penal em uma rebelião comandada pela facção Família do Norte (FDN) contra o PCC.

    De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, desde a rebelião de outubro, quando foram mortos dez detentos, o Comando Vermelho e o PCC foram separados.

    Os presos ligados ao PCC estão na penitenciária Monte Cristo e os detentos do CV estariam em uma cadeia pública. O governo de Roraima ainda não se manifestou.

    Logo após o fim do anúncio do plano de segurança em Brasília, o ministro da Justiça, Alexandre Moraes, deve voar para Boa Vista para se reunir com autoridades do Estado.

    O alerta do estado vizinho

    De acordo com a Secretaria de Segurança Pública, o governo do Amazonas havia alertado Roraima sobre a possibilidade de uma rebelião no presídio de Boa Vista.

    Como as facções já estavam separadas desde novembro, o governo de Roraima afirmou ter reforçado o policiamento do presídio e fechado a barreira de Jundiá, considerada uma rota de fuga.

    A governadora Suely Campos (PP) deve conceder uma coletiva nas próximas horas para detalhar o ocorrido.

    Superlotação

    Documentos mostram que os presos de Monte Cristo convivem com a superlotação há anos. Segundo o relatório do mutirão carcerário do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) feito em 2012, à época 1.005 presos viviam ali, cuja lotação é 540 presos.

    Como resultado do relatório, a governadora de Roraima, Suely Campos (PP), assinou um termo de compromisso com o CNJ a fim de reformar o sistema prisional do Estado.

    Porém o documento, assinado também pelo então ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pelo então presidente do CNJ, o ministro do STF Ricardo Lewandowski, não tem força de lei.

    No texto, eles prometem adotar um "firme compromisso entre as partes (...) para o desenvolvimento de ações e a implementação de práticas, rotinas e medidas judiciais e administrativas, com vistas à reestruturação do sistema de justiça criminal do Estado de Roraima, no que concerne ao seu sistema de execução penal e ao sistema carcerário".

    Também em 2015, durante a CPI do Sistema Carcerário, o deputado Hiran Gonçalves (PMN-RR) relatou que a penitenciária possuía cerca de 15 funcionários para controlar todo o contingente de presos.

    "A falta de armamento e equipamentos de segurança impede que eles mantenham o controle em caso de rebelião ou motim", escreveu o parlamentar.

    Este post será atualizado conforme surjam novas informações.


    Veja também:

    Antes do massacre de Manaus, guerra entre facções começou com onda de 22 mortes no Norte

    Entorno de Temer culpa governador do Amazonas por instigar rebeliões

    Juiz que negociou fim de rebelião em Manaus relata ameaças de morte

    Utilizamos cookies, próprios e de terceiros, que o reconhecem e identificam como um usuário único, para garantir a melhor experiência de navegação, personalizar conteúdo e anúncios, e melhorar o desempenho do nosso site e serviços. Esses Cookies nos permitem coletar alguns dados pessoais sobre você, como sua ID exclusiva atribuída ao seu dispositivo, endereço de IP, tipo de dispositivo e navegador, conteúdos visualizados ou outras ações realizadas usando nossos serviços, país e idioma selecionados, entre outros. Para saber mais sobre nossa política de cookies, acesse link.

    Caso não concorde com o uso cookies dessa forma, você deverá ajustar as configurações de seu navegador ou deixar de acessar o nosso site e serviços. Ao continuar com a navegação em nosso site, você aceita o uso de cookies.