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Marin não precisava receber propina porque já era rico, diz advogado no caso Fifa

Em suas alegações finais, o advogado do ex-presidente da CBF disse que seu cliente nunca concordou em receber pagamentos ilegais.

O advogado do ex-presidente da CBF José Maria Marin, Charles Stillman, disse na quinta (14) durante o julgamento do caso Fifa que seu cliente nunca concordou em receber propina.

E, segundo o advogado, Marin nem precisaria receber propina pois já era um homem rico antes de assumir a CBF.

A declaração de Stillman ocorreu durante suas alegações finais, última etapa processual antes da sentença. Diferentemente do que ocorre no Brasil, em que júris opinam apenas em casos de crime contra a vida, na Justiça dos Estados Unidos há júris também em ações de outros tipos.

Após os advogados dos réus finalizarem suas exposições, o júri se reúne até chegar a uma sentença. As pessoas se reúnem e devem decidir se cada réu é culpado ou inocente em relação a cada crime imputado contra eles.

Ao lado de outros dois ex-dirigentes — o paraguaio Juan Ángel Napout e o argentino Manuel Burga —, Marin é acusado de receber propina em troca de contratos de transmissão de campeonatos de futebol.

Na semana passada, a procuradoria apresentou registros bancários que mostram como dinheiro da empresa argentina Torneos (ex-TyC) foi parar em contas do dirigente registradas em nome de uma empresa offshore.

Entre julho e setembro de 2013, a Torneos repassou US$ 1,5 milhão a Marin — antes de chegar ao ex-dirigente, o dinheiro também passou por contas do empresário Wagner Abrahão, que possui contratos com a CBF há décadas.

Neste caso específico, de acordo com a procuradoria, os pagamentos foram feitos em troca do contrato de transmissão da Copa América. Os documentos apresentados pelos procuradores também mostravam que Marin utilizava a conta que recebeu propina para gastos pessoais — em março de 2014, por exemplo, houve um pagamento de US$ 20.977, no débito, na Hermès, em Paris.

Ao todo, a Procuradoria acusa Marin de ter recebido US$ 6,5 milhões, mesmo valor que é atribuído ao atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero — ele não é réu no processo.

O que você precisa saber sobre o julgamento da Fifa:

Quem são os réus?

Apesar de durante o caso terem vindo à tona acusações contra diversas pessoas, há apenas três réus no caso:

  1. José Maria Marin (ex-presidente da CBF);
  2. Juan Ángel Napout (ex-presidente da Conmebol e da Federação Paraguaia);
  3. Manuel Burga (ex-presidente da Federação Argentina).

Do que eles são acusados?

Os três ex-dirigentes são acusados de receber propina em troca de contratos de direito de transmissão. Segundo a Procuradoria, o dinheiro foi pago por empresas de mídia como a Globo, a Traffic e a argentina Torneos (ex-TyC).

Napout teria sido quem mais recebeu propina: US$ 10,5 milhões, segundo a Procuradoria, contra US$ 6,5 milhões a Marin e US$ 4,4 milhões a Burga.

O que aconteceu até agora?

A Procuradoria entrevistou testemunhas e delatores e apresentou documentos a fim de sustentar que os réus receberam propina e lavaram dinheiro. Um dos delatores que falou no tribunal foi o empresário brasileiro José Hawilla, dono da empresa Traffic, que disse ter pago propina a Del Nero, Marin e ao também ex-presidente da entidade Ricardo Teixeira.

Em seguida, os advogados de cada um dos ex-dirigentes tiveram a chance de apresentar as versões de seus clientes, também podendo questionar testemunhas e, eventualmente, apresentar novas evidências.

Depois, todas as partes tiveram a oportunidade de argumentar — as alegações finais, que é o atual estágio do processo.

O que falta acontecer? Tem prazo?

Agora, só falta o júri se reunir e decidir o veredicto. Não há prazo para que eles decidam, e a decisão precisa ser unânime — o que pode alongar o processo.

No cenário mais provável, o júri deve se reunir já na próxima segunda-feira (18) e pode dar um veredicto no mesmo dia.

E a Globo com isso?

A Globo foi citada por testemunhas e delatores como tendo pago propina em troca de direitos de transmissão. A emissora nega ter feito pagamentos ilegais e afirma ter feito uma auditoria interna que não identificou irregularidades.

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