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Hawilla mostra mensagem de texto como prova de propinas a cartolas brasileiros

O atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e seus antecessores Ricardo Teixeira e José Maria Marin são acusados de receber propina em troca de contratos. Eles negam.

Delator no julgamento do caso Fifa, em Nova York, o brasileiro José Hawilla apresentou nesta terça-feira (5) uma mensagem de texto como uma das provas de pagamentos de propina a cartolas brasileiros em troca de contratos multimilionários.

Este é o segundo dia de depoimento do brasileiro conhecido como J. Hawilla, um dos principais delatores do esquema. Além da mensagem de texto, ele apresentou um áudio em que gravou, às escondidas, o então presidente da CBF, José Maria Marin, falando de pagamentos sobre a Copa do Brasil.

J. Hawilla tem uma longa trajetória no mundo do futebol. Ele começou como repórter de campo, passou a vender anúncios em placas de estádios durante os jogos até se tornar um dos principais nomes do marketing esportivo no Brasil e intermediário dos principais contratos de transmissão.

Acá una foto de J. Hawilla entrevistando a Pelé cuando todavía era periodista deportiva en São Paulo, gracias… https://t.co/i9GioiaWWc

Essa trajetória mudou em 2013. Apesar de operar basicamente com dirigentes da América Latina, uma das sedes da empresa de Hawilla, a Traffic, era nos Estados Unidos, o que deu margem para ser investigado de acordo com as leis locais.

Ele foi preso pelo FBI e fez uma delação premiada, em 2014.

Em troca de não ir para a cadeia, Hawilla devolveu US$ 151 milhões e passou a gravar outros dirigentes como forma de produzir provas para o governo americano. O FBI então, em 2015, fez uma operação internacional e prendeu diversos dirigentes, incluindo José Maria Marin, à época presidente da CBF. Ele estava na Suíça e foi enviado a Nova York, onde cumpre prisão domiciliar.

Algumas dessas provas passaram a ser exibidas no julgamento do caso Fifa, que acontece em Nova York. Hawilla contou ao júri que paga propinas desde 1991.

De acordo com o delator, uma das frentes do esquema consistia em dividir os lucros e os custos da propina com o empresário Kleber Leite, mais um que intermediava contratos de direito de transmissão.

Uma dessas conversas telefônicas aconteceu no início de 2014 e o assunto era o pagamento das propinas referentes aos contratos da Copa do Brasil.

Leite se esquivou. "Eu acho telefone uma coisa muito perigosa, sabe? Acho que a gente deveria conversar pessoalmente", disse. Mas em 31 de março daquele ano veio uma das provas agora exibida na corte americana.

Era uma mensagem de texto enviada por Leite. "No passado, era 1,5. Agora, contando passado e futuro, é 2.0", dizia a mensagem, em tradução livre.

De acordo com o delator, o acerto era distribuir propina para os três mais importantes dirigentes do futebol brasileiros: Ricardo Teixeira, José Maria Marin e Marco Polo Del Nero. Os três negam as acusações.

Hawilla apresentou ainda um comprovante de transferência de dinheiro para a empresa de Kleber Leite, como uma das provas de que eles dividiam o custo das propinas. O pagamento ficou registrado da seguinte maneira: "Copa do Brasil 2013".

No julgamento, a procuradoria americana pediu autorização à Justiça para apresentar documentos apreendidos na empresa de Kleber Leite. As anotações também indicavam pagamentos ao dirigentes até 2023.

Além de Kleber Leite, José Maria Marin foi outro gravado por Hawilla. Durante um jantar em Miami, em abril de 2014, eles trataram de pagamentos referentes à Copa do Brasil. O delator disse que já estava tudo acertado e recebeu o aval de Marin.

O depoimento de Hawilla ainda prossegue ao longo desta terça-feira e novos detalhes desta e de outras conversas podem ser revelados na corte de Nova York.

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