Ao menos duas funcionárias da gigante editorial DC Comics acusaram o principal editor da empresa, Eddie Berganza, de tentar beijá-las ou agarrá-las à força. Ele foi promovido de qualquer maneira. Então, dois anos depois, foi denunciado novamente pelo mesmo comportamento.
Dentro de uma indústria que criou algumas das mais influentes histórias americanas de ficção – que por sua vez deram base para filmes blockbuster, programas de TV e videogames –, Berganza tornou-se notório pelo contraste entre sua conduta pessoal e seu sucesso profissional.
Nos seus 25 anos na DC, ele passou por cargos como editor do grupo e editor-executivo, responsável por franquias como Superman e Mulher Maravilha – propriedades que se tornaram cada vez mais valiosas conforme filmes de super-heróis dominaram as bilheterias e definiram a cultura pop. Berganza tornou-se um funcionário quintessencial em uma empresa que fazia parte de uma grande empresa e que estava em uma empresa ainda maior; a DC Comics é parte da DC Entertainment, que pertence à Warner Bros., parte da Time Warner Inc.
Embora a má conduta de Berganza tenha ocorrido anos atrás, sem novas acusações sugerindo a continuidades desse comportamento, as recentes denúncias contra figurões de Hollywood, como Harvey Weinstein e Kevin Spacey, encorajaram mais vítimas de diversas indústrias a contar suas histórias. Agora, pela primeira vez, três mulheres que dizem ter sido vítimas de Berganza procuraram o BuzzFeed News. Cinco pessoas, incluindo duas daquelas mulheres, confirmaram que reportaram aos altos escalões da DC sobre o comportamento de Berganza.
Das mulheres que levaram denúncias contra Berganza aos recursos humanos da empresa, como Liz Gehrlein Marsham, nenhuma ainda trabalha para a DC. Além disso, nenhuma delas ainda trabalha em grandes editoras de quadrinhos; elas deixaram os super-heróis para trás.
"Todos nós saímos, e ele ainda está lá", disse Janelle Asselin, ex-editora da DC que encabeçou a reclamação de vários funcionários contra Berganza em 2010 ao RH. "Isso, para mim, diz qual é prioridade da DC Comics".
No momento da publicação das denúncias, Berganza não respondeu aos pedidos de comentários para a reportagem. Um representante da DC Comics disse que a DC e a WB estão "comprometidas" com um local de trabalho livre de assédio. Somente após o BuzzFeed News publicar a reportagem a DC Comics suspendeu Berganza da empresa. "Será feita uma pronta e cuidadosa análise sobre os próximos passos no que se refere às alegações contra ele", disse a empresa.
Na última segunda-feira (13), Berganza foi demitido. "A Warner Bros e a DC Entertainment encerraram a vaga do editor de grupo da DC Comics Eddie Berganza", dizia um e-mail obtido pelo BuzzFeed News. "Estamos empenhados em erradicar o assédio e garantir que todos os funcionários, bem como a nossa comunidade freelancer, estejam cientes de nossas políticas, à vontade para nos informar quaisquer preocupações e se sentindo apoiados pela nossa empresa".
Este post foi traduzido do inglês.