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Juiz manda jornal tirar do ar reportagem sobre diálogo de WhatsApp entre Marcela Temer e chantagista

Folha de S.Paulo publicou reprodução de mensagens em que hacker tentava extorquir R$ 300 mil de Marcela para não jogar o nome de Michel Temer "na lama". Decisão do juiz ocorreu 11 minutos após publicação de reportagem. Planalto não comenta.

Um juiz de Brasília ordenou a retirada do ar de uma reportagem do jornal Folha de S.Paulo sobre a chantagem sofrida por Marcela Temer por um hacker que clonou o celular dela no ano passado.

A decisão considera violação de intimidade a reprodução do conteúdo dos diálogos entre a primeira-dama e o homem que tentava extorqui-la para não jogar o nome do presidente Michel Temer "na lama".

Os diálogos ocorreram através do WhatsApp.

A decisão do juiz Hilmar Castelo Branco Raposo Filho, da 21a Vara Cível de Brasília, ordenou que a publicação "se abstenha de dar publicidade a quaisquer dados e informações obtidas no aparelho celular" de Marcela Temer sob pena de multa de R$ 50 mil.

A decisão está datada às 18h56 desta sexta, onze minutos após o horário que o site do jornal publicou a reportagem. O jornal "O Globo" também publicou uma reportagem sobre o assunto, às 19h06, mas sem reproduzir imagens das mensagens.

Procurada, a direção da Folha de S.Paulo não quis se manifestar porque ainda não havia sido notificada da decisão. Às 22h desta sexta, a reportagem ainda estava no ar.

O Palácio do Planalto também não quis se manifestar sobre o caso.

Entenda o caso:


O iPhone de Marcela Temer foi clonado por Silvonei de Jesus Souza em abril do ano passado. Num dos diálogos, Silvonei o hacker pede R$ 300 mil para não divulgar um áudio gravado por Marcela. Silvonei foi condenado a 5 anos e 11 meses de prisão.

"Pois bem, como achei que esse vídeo [na verdade, um áudio] joga o nome de vosso marido na lama. Quando você disse que ele tem um marqueteiro que faz a parte baixo nível... pensei em ganhar algum com isso”, diz o chantagista pelo aplicativo de troca de mensagens.


Para intimidar a primeira-dama, Silvonei escreveu ainda que tinha uma “lista" de repórteres que pagariam R$ 100 mil pela informação. “Se eu fosse do mal, teria passado [o áudio] para inimigos do seu marido. Mas há quanto tempo venho tentando contato com vocês?”, prosseguiu ele.


O áudio seria parte de uma conversa entre Marcela e seu irmão, Karlo Augusto de Araújo, que, na época, era pré-candidato a vereador em Paulínia (SP).

Em setembro, o BuzzFeed Brasil contou a história de que o hacker, na verdade, usara áudios gravados por Marcela, não fotos íntimas, como elemento de chantagem.

Pessoa próxima de Silvonei contou ao BuzzFeed que, segundo ele, Marcela estaria aconselhando o irmão a contar com um aliado que fizesse a “parte baixo nível”, conforme Silvonei descreve no Whatsapp.

A pessoa citada por ela seria o assessor do presidente Arlon Viana. O BuzzFeed Brasil não teve acesso ao áudio e ele não consta dos relatórios e autos vistos pela reportagem nesta sexta, em um relatório da Polícia Civil de São Paulo que está anexado aos autos da condenação de Silvonei.

Silvonei, segundo sua defesa, chegou a ser transferido para Tremembé, no interior de São Paulo, sem que o defensor soubesse. A medida teria como objetivo mantê-lo afastado de holofotes.

A chantagem contra a mulher de Michel Temer foi investigada por uma equipe de confiança do então secretário de Segurança Pública de São Paulo, Alexandre de Moraes.

Dias depois do caso solucionado, que passou ao largo da Polícia Federal apesar do cargo de Temer, Moraes foi convidado para ser ministro da Justiça. Esta semana, Moraes foi indicado por Temer para suceder Teori Zavascki no Supremo Tribunal Federal.

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