Você provavelmente conhece o jornalista gaúcho Lasier Martins de programas de TV e da internet.
Em 1996, ele fazia uma matéria singela sobre uvas para o Jornal do Almoço, da RBS, quando tomou baita choque. A cena viralizou nas redes. (Ele até hoje demonstra irritação quando é lembrado do episódio...)
Em 2014, Lasier foi eleito senador pelo Rio Grande do Sul pelo PDT. Depois mudou de partido, foi para o PSD.
Esta semana, Lasier assinou uma proposta de emenda constitucional (PEC) para blindar políticos contra a Lava Jato.
A proposta previa o seguinte: os presidentes da Câmara dos Deputados, do Senado e do Supremo Tribunal Federal não poderiam ser investigados por atos anteriores aos seus mandatos...
A medida, se passasse, beneficiaria diretamente o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
O primeiro ganhou o apelido de "Índio" na planilha da Odebrecht e foi citado por um ex-lobista da empresa (e agora delator) em pagamentos ilegais que somam R$ 22 milhões, junto com outros dois senadores.
Já Maia, codinome "Botafogo", teve uma dívida de R$ 100 mil paga pela mesma empreiteira, segundo a delação.
O idealizador da tentativa de blindá-los é Romero Jucá (PMDB-RR), apelido "Caju" nos papéis da Odebrecht.
O senador Jucá foi aquele ministro que caiu no comecinho do governo Temer depois que apareceu propondo a mudança de governo para "estancar a sangria" da Lava Jato.
A PEC pegou tão mal que Jucá tirou de tramitação. Lasier, que sempre fez discurso contra a corrupção, foi questionado por ter assinado o documento.
E a explicação do senador foi surpreendente: "Assinei sem ler." Ele disse também que viu seus colegas do PSDB na lista de apoiadores e achou que fosse uma boa.
"Chegou a moça do meu lado e disse: senador, o senhor seguidamente pede apoio para nós e estamos pedindo seu apoio aqui", falou o senador, explicando que foi abordado por uma assessora em meio a uma sessão parlamentar.
"Eu fui direto na lista e vi que tinha mais de 20 assinaturas. E vi nomes respeitáveis, com os quais eu tenho muita afinidade. Tava ali o Flexa Ribeiro (PSDB-PA), tava ali o Aloysio (Nunes, PSDB-SP). Aí eu simplesmente assinei sem ler qual era o título da proposta."
"Corri para a secretaria (do Senado), eu queria riscar o meu nome", afirmou Lasier, completando que a funcionária havia lhe dito que já era tarde porque o registro estava feito.