O alvo dessa vez é a cúpula do PMDB no Senado

    PF realiza buscas que atingem os senadores Edison Lobão (MA) e Jader Barbalho (PA). Inquérito sobre propinas em Belo Monte também investiga Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Valdir Raupp (RO), todos do PMDB.

    A Polícia Federal cumpre seis mandados de busca e apreensão, nesta quinta (16), para investigar o pagamentos de propina a políticos do PT e do PMDB, ligados a contratos de construção da usina de Belo Monte.

    A investigação, um desdobramento da Lava Jato, está ligada a delações de executivos da Andrade Gutierrez, uma das construtoras da usina — a empresa disse ter repassado R$ 150 milhões em propina às duas siglas.

    São alvos das buscas Márcio Lobão, filho do senador Edison Lobão (PMDB-MA), e o ex-senador Luiz Otávio de Oliveira Campos (PMDB-PA), aliado próximo do senador Jader Barbalho (PMDB-PA).

    "Leviatã", nome da operação, refere-se a uma frase na obra homônima de Thomas Hobbes (1588-1679): "O homem é o lobo do homem".

    Lobão foi eleito presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado na semana passada. A CCJ será responsável por sabatinar o ministro da Justiça licenciado, Alexandre de Moraes, pela vaga no STF.

    A ação da PF foi autorizada pelo ministro Edson Fachin, do Supremo. Em 2016, ele permitiu a abertura de inquérito para investigar se a cúpula do PMDB no Senado recebeu propina de Belo Monte.

    Fora Lobão e Barbalho, os senadores peemedebistas Renan Calheiros (AL), Romero Jucá (RR) e Valdir Raupp (RO) também são investigados.

    A investigação da obra de Belo Monte surgiu a partir do acordo de delação premiada do ex-senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), preso em 2015 acusado de tentar atrapalhar a Operação Lava Jato.

    Outro lado

    Questionado na manhã desta quinta pelo site O Antagonista se recebeu propina, o senador Jader Barbalho disse: "Claro que não, recebi porra nenhuma!"

    Em nota divulgada em fases anteriores da investigação, Márcio Lobão afirmou que está colaborando com as autoridades e negou irregularidades.

    A Polícia Federal também investiga propinas de Belo Monte ao PT.

    Em seu acordo de delação, o ex-presidente da Andrade Gutierrez Otávio Marques de Azevedo afirmou que o ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci intermediou pagamentos de propina ligados a Belo Monte, tanto para o PMDB como para o PT.

    O dinheiro repassado ao PT teria sido destinado ao ex-tesoureiro João Vaccari Neto, condenado em outros casos investigados pela Lava Jato, em 2015, a 15 anos e 4 meses de prisão. A propina destinada ao PT teria servido para financiar campanhas da sigla, inclusive a disputa presidencial de 2010, vencida por Dilma Rousseff.

    Belo Monte foi uma das principais vitrines do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), pelo qual o governo federal financiou grandes obras de infraestrutura. Como ministra-chefe da Casa Civil do governo Lula, Dilma era chamada pelo ex-presidente pelo apelido de "mãe do PAC" durante a campanha eleitoral.

    Terceira maior usina hidrelétrica do mundo, Belo Monte foi muito questionada, principalmente pelo impacto ambiental — grandes regiões amazônicas foram alagadas durante as obras, retirando famílias e causando, também, impacto social negativo.

    Nos dois mandatos de Dilma como presidente, o PAC continuou recebendo investimentos na casa dos bilhões.

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