Em entrevista à revista “Época”, o empresário Joesley Batista, da J&F (grupo que controla a JBS), que fez um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal, fez duras declarações contra o governo do presidente Michel Temer (PMDB).
Veja abaixo os principais pontos abordados pelo empresário.
"O Temer é o chefe da Orcrim [organização criminosa] da Câmara. Temer, Eduardo, Geddel, Henrique, Padilha e Moreira. É o grupo deles. Quem não está preso está hoje no Planalto. Essa turma é muita perigosa. Não pode brigar com eles. Nunca tive coragem de brigar com eles. Por outro lado, se você baixar a guarda, eles não têm limites. Então meu convívio com eles foi sempre mantendo à meia distância: nem deixando eles aproximarem demais nem deixando eles longe demais. Para não armar alguma coisa contra mim. A realidade é que esse grupo é o de mais difícil convívio que já tive na minha vida. Daquele sujeito que nunca tive coragem de romper, mas também morria de medo de me abraçar com ele."
"Acho que ele (Temer) me via como um empresário que poderia financiar as campanhas dele – e fazer esquemas que renderiam propina."
"Sempre que (Temer) me chamava, eu sabia que ele ia me pedir alguma coisa ou ele queria alguma informação."
"Esse negócio de dinheiro para campanha aconteceu logo no iniciozinho. O Temer não tem muita cerimônia para tratar desse assunto. Não é um cara cerimonioso com dinheiro."
"Pediu para fazermos um mensalinho. Fizemos."
"A pessoa a qual o Eduardo (Cunha) se referia como seu superior hierárquico sempre foi o Temer. Sempre falando em nome do Temer. Tudo que o Eduardo conseguia resolver sozinho, ele resolvia. Quando ficava difícil, levava para o Temer. Essa era a hierarquia. Funcionava assim: primeiro vinha o Lúcio [o operador Lúcio Funaro]. O que ele não conseguia resolver pedia para o Eduardo. Se o Eduardo não conseguia resolver, envolvia o Michel."
"Tinha que tomar cuidado. Essa é a maior e mais perigosa organização criminosa deste país. Liderada pelo presidente."
"O Eduardo (Cunha) sempre dizia: 'Joesley, estamos juntos, estamos juntos. Não te delato nunca. Eu confio em você. Sei que nunca vai me deixar na mão, vai cuidar da minha família'. Lúcio (Funaro) era a mesma coisa: 'Confio em você, eu posso ir preso porque eu sei que você não vai deixar minha família mal. Não te delato'”.
"Geddel (Viera Lima): De 15 em 15 dias era uma agonia terrível. Sempre querendo saber se estava tudo certo, se ia ter delação, se eu estava cuidando dos dois. O presidente estava preocupado. Quem estava incumbido de manter Eduardo e Lúcio calmos era eu."