"Eu dou dois anos. Aí, se não fizer...", disse Luís Paulo Melo, que votou em Jair Bolsonaro para presidente. "Se ele não corresponder, a gente muda."
Karina Nunes Leite, que teme pelos direitos das minorias no governo Bolsonaro, acha que ele vai tentar cumprir suas promessas logo no primeiro ano de mandato. "Não sei como é que vai ser depois disso", disse.
"O meu prazo é seis meses", disse Roberto de Almeida. "Se não emplacar em seis meses, nem adianta. Perdeu o Brasil."
Todos eles foram entrevistados no Rio de Janeiro para a série "Eleitores", do BuzzFeed News, em 29 de outubro de 2018. No dia anterior Jair Bolsonaro, do PSL, havia recebido 57.797.847 votos (o correspondente a 55,13% dos votos válidos) e vencido o segundo turno das eleições presidenciais contra Fernando Haddad, do PT.
“É um dia meio fúnebre, né? Uma coisa assim meio de preocupação, de medo”, disse Adriana Campos. Jacira Miranda, que votou em Bolsonaro, tinha uma percepção bastante diferente do day-after: “Tô achando uma tranquilidade, tô sentindo uma paz”.
Em "O dia seguinte", o oitavo e último episódio de "Eleitores", os brasileiros — tanto aqueles que votaram quanto os que não votaram no capitão reformado — falaram sobre suas expectativas em relação ao próximo governo.
“Eu escolhi ele porque eu queria mudança”, disse Wilson Fernandes. “Essa corrupção que está aí não dá para aceitar mais. Se ele não der jeito, ninguém dá mais, não.”
Ao longo de seus oito episódios, "Eleitores" retratou os principais elementos que definiram as eleições de 2018 — como o peso das fake news e do sentimento antipetista — pelo ponto de vista de quem vota, os eleitores, e não de quem é votado, os candidatos.
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O primeiro episódio, "Órfãos do Lula", de 11 de setembro, mostrou a preocupação do PT em levar Haddad para o Nordeste, região onde o petismo é mais forte, para tentar torná-lo mais conhecido:
O candidatura de Haddad a presidente, no lugar da de Lula, preso em Curitiba, foi oficializada pelo PT naquele mesmo dia.
"Era uma vez a eleição de Alagoas", o segundo episódio, de 22 de setembro, revela como os nomes tradicionais da política fazem campanha no interior e como são recebidos pela população:
Renan Filho (MDB) acabou reeleito governador de Alagoas.
O terceiro episódio, "A soja, o dólar e o Bolsonaro", de 29 de setembro, foi à capital do agronegócio brasileiro, Sorriso (MT), mostrar como o candidato do PSL estava avançando sobre antigos redutos tucanos:
O candidato do PSDB a presidente, Geraldo Alckmin, ficou com apenas a quarta posição no primeiro turno da eleição, com somente 4,76% dos votos válidos.
"O encolhimento de Aécio Neves", o quarto episódio, de 6 de outubro, ouviu os mineiros sobre a candidatura do tucano a deputado federal:
Aécio, que havia recebido 50 milhões de votos na disputa à Presidência da República em 2014 e se cacifado como o principal nome da oposição a Dilma Rousseff (PT), acabou sendo alvo da Operação Lava-Jato, virou réu no Supremo e preferiu não tentar a reeleição a senador. Foi eleito deputado federal com pouco mais de 100 mil votos.
O quinto episódio, "As mulheres e o Bolsonaro", de 13 de outubro, revelou o que levou algumas eleitoras a aderirem ao movimento #EleNão e outras a declararem voto num candidato acusado pelos adversários de machismo e misoginia:
No sexto episódio, "Deus, antipetismo e o Bolsonaro", de 20 de outubro, frequentadores das igrejas Universal e Assembleia de Deus contaram em quem pretendiam votar e por quê:
No sétimo episódio, "Homofobia em alta", de 27 de outubro, o tema foi o medo do recrudescimento de episódios de violência contra membros da comunidade LGBTQ:
Uma das entrevistadas, Julyanna Barbosa, contou que em 6 de outubro ouviu provocações homofóbicas na rua ("Olha o tamanho do viado, maior viadão! Bolsonaro tem que ganhar pra tirar esses lixos da rua!") e em seguida foi brutalmente agredida.
