Falando a investidores em um evento em São Paulo, o presidente Michel Temer tentou passar a mensagem que a sua permanência no governo não vai implicar no fim das chances de aprovação da reforma da Previdência nem que a economia do país vai ficar parada.
"Nós chegaremos em 2018 com a casa em ordem", prometeu o presidente ao discursar no Fórum de Investimentos Brasil 2017.
Sem citar os governos petistas, Temer disse que "houve momento de medidas simplesmente populistas” e falou que não cairia na mesma “tentação."
“Quero transmitir uma mensagem clara: nosso governo devolveu ao Brasil o caminho do desenvolvimento, e desse caminho não nos afastaremos", declarou.
No discurso, o presidente se referiu ao protesto pela sua renúncia (e contra as reformas) sacudiu Brasília com cenas de depredação da Esplanada dos Ministérios e repressão da polícia – inclusive, com cenas de policiais disparando armas de fogo contra manifestantes.
Temer disse que existe um clima de "brasileiro contra brasileiro" e defendeu a sua decisão de convocar as Forças Armadas para garantir a segurança de Brasília – da qual recuou no dia seguinte: "Quando for físico, não titubearemos".
Michel Temer ganhou fôlego durante o final de semana, mas a sua sobrevivência no governo deve-se mais à incapacidade de seus aliados decidirem um nome para o dia seguinte do fim do seu governo (para conduzir o país até a posse do sucessor eleito em 2018) do que à confiança de que o peemedebista ainda tenha força suficiente para ficar e aprovar as mudanças com que se comprometeu.
A aprovação da reforma da Previdência torna-se cada dia mais incerta desde a divulgação da delação do empresário Joesley Batista, dono da JBS.
Antes de vir à tona o áudio em que respondeu "certo, certo" ao ser informado por Joesley sobre a compra de juízes e de um procurador, Temer estava constituindo, com dificuldades e muitas concessões, uma base que lhe garantisse os 308 votos necessários para a reforma sair na Câmara.
Para passar a impressão de que conta com apoio parlamentar para implementar as reformas, Temer chegou ao fórum acompanhado dos presidentes do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), e da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
A fragilidade política do governo, contudo, está mais na base do Congresso e nos partidos aliados. Principal fiador do governo, o PSDB está à espera do julgamento da chapa Dilma-Temer no TSE para decidir se fica ou se sai do governo.
Na noite de ontem, o ministro Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo), que é tucano, articulou um encontro entre Temer e Moreira Franco com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o presidente interino do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE).
Segundo o G1, o fragilizado Temer pediu aos tucanos "responsabilidade com o país." Leia aqui.
Imbassahy disse que a posição do PSDB em relação a Temer segue "inalterada".