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Saída dos cubanos deve deixar quase 2.000 cidades sem médico

A estimativa é do presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, que afirma que 24 milhões de pessoas serão afetadas com a saída de Cuba do Mais Médicos. "Cidades pequenas serão as mais castigadas", disse o presidente da Confederação Nacional dos Municípios.

A saída dos 8.332 cubanos do programa Mais Médicos vai deixar sem nenhum médico quase 2.000 municípios brasileiros, a maior parte deles pequenas localidades nos rincões do país. A estimativa é do presidente do Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), Mauro Junqueira.

Cerca de 80% dos municípios do país só têm médico por meio do Mais Médicos.

Junqueira estima que 24 milhões de pessoas serão afetadas diretamente. "Cada médico chefia uma equipe de Médico de Família, que é responsável pelo atendimento de 3.400 pessoas. Ao todo, são 24 milhões de brasileiros."

Os cubanos representam, atualmente, mais da metade dos médicos do programa, diz nota da Conasems. "Por isso, a rescisão repentina desses contratos aponta para um cenário desastroso em, pelo menos, 3.243 municípios. Dos 5.570 municípios do país, 3.228 (79,5%) só têm médico pelo programa".

Junqueira apontou que a comunidade indígena será a mais atingida pelo rompimento do acordo entre o Brasil e Cuba. Hoje, 301 cubanos atendem indígenas em todo o país. "Eles são responsáveis pelo atendimento de 90% da área indígena", diz Junqueira.

O presidente do Conasems considerou precipitada a decisão de Havana de encerrar o contrato com o Brasil. "O presidente ainda é Michel Temer [MDB], que cumpriu tudo o que foi acordado com Cuba. Acho que foi falta de bom senso [do governo cubano]. Temos uma cooperação. Para isso existe diplomacia".

"Castiga as pequenas cidades"

"É uma notícia que estamos acompanhando, mas a saída dos médicos cubanos castiga, sobretudo, as prefeituras das pequenas cidades", disse o presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Glademir Aroldi, ao BuzzFeed News.

As pequenas cidades serão as mais afetadas, segundo ele, porque são as com mais dificuldade de atrair e fixar mão-de-obra qualificada na área da saúde.

De acordo com o Ministério da Saúde, os médicos do programa são capazes de resolver cerca de 80% dos casos que levam as pessoas a buscarem atendimento. Os casos mais comuns são: acompanhamento de pré-natal, de pacientes com doenças crônicas e problemas relacionados à saúde mental, da saúde da mulher, da criança, do adulto e do idoso, além de pequenas urgências.

Este mapa do Ministério da Saúde mostra o número de municípios atendidos pelo Mais Médicos em cada Estado:

E esta planilha mostra o número de médicos cubanos que trabalham em cada Estado, incluindo os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs):

Enquanto isso, no Maranhão...

No município maranhense de Duque Bacelar, com população de pouco mais de 11 mil habitantes, a secretária da Saúde prevê dificuldades com a saída dos três médicos cubanos que atualmente atendem pelo Mais Médicos.

“No mínimo, vai aumentar muito a carga horária dos plantonistas”, disse Kamila Santana. “E preocupa porque atinge diretamente a população, na área rural principalmente.”

Além dos três cubanos, há um médico brasileiro também enviado pelo Mais Médicos em Duque Bacelar. Fora isso, há seis médicos, mas só um atende pelo Programa Saúde da Família, com foco na prevenção. “Os outros são só emergência”, disse a secretária.

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