Nem todo frigorífico é suspeito de vender carne estragada

    A questão central da operação Carne Fraca é a suspeita de pagamento de propina a fiscais. Entenda o que pesa contra os principais alvos da investigação.

    Nem todo frigorífico investigado é suspeito de por no mercado carnes impróprias ao consumo humano. A questão central da operação é o pagamento de propina a fiscais.

    Entenda o que pesa contra cada um:

    JBS

    Maior empresa do setor, a JBS entrou na mira por causa da suspeita de que duas subsidiárias, a Seara e a Big Frango, teriam subornado fiscais em troca da emissão, sem fiscalização, de certificados em suas plantas para a venda e a exportação.

    No caso da Big Frango, há um grampo entre um funcionário da empresa e uma fiscal da Superintendência Federal da Agricultura no Paraná para prorrogar o prazo de uso de embalagens (não carne vencida) sob suposto acerto financeiro entre os dois, segundo a Polícia Federal.

    O que diz a empresa: Em comunicado, a JBS afirmou que "no despacho da Justiça Federal que deflagrou a operação, não há qualquer menção a irregularidades sanitárias ou à qualidade dos produtos de suas marcas" e que os "lamentáveis casos citados na imprensa não envolvem nenhuma das marcas da JBS."

    No comunicado, a empresa enfatizou que nenhum dirigente ou executivo foi alvo de medidas judiciais na operação e que somente um funcionário da empresa, baseado na unidade de Lapa (PR) foi citado na investigação. "A JBS não compactua com qualquer desvio de conduta de seus funcionários e tomará todas as medidas cabíveis", diz o comunicado em outro trecho.

    BRF

    Dona da Sadia e da Perdigão, a BRF entrou na investigação após funcionários oferecerem propina a fiscais para impedir a suspensão da unidade de Mineiros (GO), onde havia indícios de salmonela. Também há suspeitas de que frangos das duas marcas foram vendidos com mais água do que o permitido.

    A PF aponta Roney Nogueira, funcionário da BRF, como a ligação da empresa com o esquema em Goiás. Nesta transcrição, ele aparece discutindo com uma outra funcionária da BRF como evitar a fiscalização em laboratório externo de uma carga com salmonela.

    O que diz a empresa: Por meio de comunicado, a BRF afirmou que nunca comercializou carne podre e nem nunca foi acusada disso.

    Sobre a questão da salmonela, a empresa afirmou que a interpretação da PF estava errada: "Existem cerca de 2.600 tipos de Salmonella, bactéria comum em produtos alimentícios de origem animal ou vegetal. Todos os tipos são facilmente eliminados com o cozimento adequado dos alimentos. (...) O contexto verdadeiro é o seguinte: em 2011, a União Europeia definiu um novo regulamento (CE 1086/2011) para controle de Salmonella em carne de aves produzidas localmente ou importadas. Segundo este regulamento, produtos in natura não podem conter dois tipos de Salmonella: SE e ST (Salmonella Enteritidis e Salmonella Typhimurium). (...) O tipo de Salmonella encontrado em alguns lotes desses quatro contêineres é o Salmonella Saint Paul, que é tolerado pela legislação europeia para carnes in natura e, portanto, não justificaria a proibição de entrada na Itália."

    A empresa também disse que houve interpretação errada sobre a polêmica do papelão no frango. "Não há papelão algum nos produtos da BRF. Houve um grande mal entendido na interpretação do áudio capturado pela Polícia Federal. O funcionário estava se referindo às embalagens do produto e não ao seu conteúdo. Quando ele diz “dentro do CMS”, está se referindo à área onde o CMS é armazenado. Isso fica ainda mais claro quando ele diz que vai ver se consegue “colocar EM papelão”, ou seja, embalar o produto EM papelão, pois esse produto é normalmente embalado em plástico. Na frase seguinte, ele deixa claro que, caso não obtenha a aprovação para a mudança de embalagem, terá de condenar o produto, ou seja, descartá-lo."

    A BRF alegou ainda que não compactua com práticas de corrupção e que o funcionário Roney Nogueira apresentou-se voluntariamente às autoridades brasileiras na manhã deste sábado, vindo da África do Sul, onde estava a trabalho.

    Peccin Agro Industrial Ltda

    Frigorífico que atende principalmente o mercado do Paraná, a Peccin Agro Industrial Ltda. e dono da marca Itally. É o alvo do maior número de suspeitas, como o pagamento de suborno para impedir a fiscalização de suas plantas. Segundo a PF, a empresa usou carne estragada na fabricação de salsichas e maquiou carne imprópria com ácido ascórbico.

    O que diz a empresa: em nota, a Peccin lamentou a "divulgação precipitada de inverdades sobre o seu sistema de produção, sendo que as informações repassadas ao grande público foram no afã de justificar os motivos da operação “Carne Fraca”, modificando os fatos e comprometendo a verdade".

    Larissa (SP)

    PF afirma que a empresa sediada em Mauá (SP) trocou as etiquetas de embalagens para por no mercado mercadoria vencida. A reportagem não conseguiu entrar em contato com a companhia.

    Souza Ramos (PR)

    Fornecedora da merenda escolar para o governo do Paraná, a empresa é suspeita de ter embalado frango e vendido como embutido de peru. A empresa nega.

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