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Lula ataca a "desfaçatez do companheiro Palocci" e nega ter acertado valores com Odebrecht

Para Lula, Palocci mentiu para conseguir uma delação e disse não ter raiva do ex-ministro. A palavra, segundo o ex-presidente, é pena.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva atacou Antonio Palocci e disse que o seu ex-ministro, e agora algoz, mentiu à Justiça Federal ao afirmar que ele, Lula, acertou o recebimento de vantagens indevidas da Odebrecht.

No depoimento ao juiz Sergio Moro na ação penal em que apura a suspeita que a empreiteira comprou um terreno para o Instituto Lula, a procuradora Isabel Cristina Vieira indagou sobre uma reunião entre Lula e Emílio Odebrecht em 30 de dezembro, dois dias antes do petista passar a faixa presidencial para Dilma Rousseff.

Lula confirmou o encontro com Emílio Odebrecht, mas desancou a versão de Palocci segundo a qual havia sido o repasse de recursos do conglomerado ao Instituto Lula.

"Eu vi o Palocci atentamente contar essa história. A-ten-ta-men-te", disse Lula escandindo as sílabas para enfatizar.

Prosseguiu: "A desfaçatez do companheiro Palocci foi de tal magnitude que ele inventou uma história que o Emílio foi lá, foi discutir um fundo que tinha sido criado, manutenção desse fundo."

Segundo Lula, ele recebeu um pedido de encontro de Emílio Odebrecht, que estava passando o comando do grupo ao filho Marcelo, e consultou Dilma, que estava envolvida com a composição do futuro ministério. Com o sinal verde de Dilma, o presidente que deixava o cargo receberam os empresários baianos.

O encontro durou menos de 10 minutos, segundo Lula, e tratou de amenidades, não de recursos, ao contrário do que afirmou Palocci.

"Jamais o Emílio Odebrecht tratou comigo de qualquer dinheiro ao PT", disse Lula. E subiu o tom: "Eu desafio vocês do Ministério Público, da Lava Jato, desafio a Polícia Federal a encontrar algum empresário que tratou comigo de um real."

A procuradora insistiu, perguntando se o ex-presidente designou Palocci como interlocutor junto à Odebrecht para a obtenção de recursos para o Instituto Lula.

"Palocci não era da direção do PT e não era tesoureiro de campanha. Portanto, não devia lidar com finanças. Se alguém se apresentava para algum empresário utilizando meu nome, são outros quinhentos. É outra ação que vocês vão ter que mover contra quem se aproveitou do meu nome."

"Nunca foi autorizado ao Palocci e a quem quer que seja negociar recurso com qualquer empresário [em seu nome]", declarou Lula.

Palocci ainda não fechou delação, mas na semana passada acusou Lula de não apenas conhecer o esquema de corrupção da Petrobras como de ordenar uma operação para arrecadar recursos para a campanha de Dilma em 2010 com fornecedores de sondas para a estatal.

"Calculista e frio"

O ex-presidente afirmou que as acusações de Palocci são uma farsa para conseguir diminuir a pena.

O depoimento foi uma coisa quase cinematográfica, como um roteirista da globo. preparam alguns lides para ele dizer. Conheço bem o Palocci. Se não fosse um ser humano, seria um simulador. Ele é tão esperto que é capaz de simular uma mentira mais verdadeira que a verdade. É médico, calculista, frio. Nada daquilo é verdadeiro. A única verdade ali é que ele quer os benefícios da delação.
O ex-presidente ainda aproveitou para alfinetar o Ministério Público.
“Ele termina o depoimento da forma magistral que o Ministério Público queria que ele fizesse: o Lula conversou comigo sobre obstrução de Justiça. Se tem um cidadão que tem coragem de olhar no seu olho e dos meus acusadores, se tem um cidadão que tirou o tapete da sala para que a podridão aparecesse, esse cidadão se chama Luiz Inácio Lula da Silva. Não admito que ninguém diga que tento obstruir a Justiça. Ele inventou a expressão pacto de sangue. Ele fez um pacto de sangue com os advogados e Ministério Público. Ele disse exatamente o que o powerpoint queria que ele dissesse."

Lula diz ter pena, não raiva de Palocci

Mais tarde, no final do depoimento, Lula disse que não tem raiva de Palocci. A palavra, segundo o ex-presidente, é pena.

Para Lula, Palocci mentiu para conseguir uma delação. O ex-presidente citou, ainda, a mãe de Palocci.“Foi um ministro da Fazenda muito competente, que ajudou o país. Eu não conhecia essa simulação que ele fez semana passada. Ele veio cumprir um ritual. Foi um conjunto de simulações que o Palocci fez com o objetivo de diminuir a pena e, quem sabe, ficar com um pouco dos recursos bloqueados que ele ganhou como consultor.

Lula ainda elogiou o ex-ministro. “Eu lamento porque sou um cara que gostei muito do Palocci. O Brasil deve ao Palocci. Lamentavelmente o Palocci se prestou a um serviço pequeno porque inventar inverdades para tentar criminalizar uma pessoa que ele sabe que não cometeu os crimes que ele alegou. É muito desagradável. Eu fico pensando como está a mãe do Palocci, que é militante do PT e fundadora. Não tenho raiva do Palocci. Tenho pena dele ter terminado uma carreira tão brilhante da forma que ele terminou”, disse o ex-presidente.

"Palhaçada do Miller com o Joesley"

O ex-presidente Lula usou a crise na Procuradoria-Geral da República, com a suspeita contra o ex-procurador da PGR Marcelo Miller, para atacar o Ministério Público.

“O Ministério Público é muito engraçado. Graças a Deus, como Deus escreve certo por linhas tortas, as coisas estão virando verdadeiras, nós estamos vendo o que está acontecendo com o [procurador-geral da república] Janot, estamos vendo o que está acontecendo com o Miller, a força-tarefa da Lava Jato aqui em Brasilia [na verdade, em Curitiba], está tratando de forma a destruir o Ministério Público contando inverdades. Eles inventaram que o tríplex era meu porque o Globo disse, e não é. E o senhor sabe disso. Inventaram que o apartamento [alugado em São Bernardo] era meu e não é. E o senhor sabe disso. Como inventaram que o sítio é meu e não é. Ou seja, três denúncias do Ministério Público por ilação”, disse o petista.

Ele completou: “Eu só espero que eles tenham a grandeza de pedir desculpa. Eu não sei se o senhor Miller vai pedir desculpa com a palhaçada que foi feita em Brasília com o Joesley, que agora está sendo desmontada”. E disse que um dos delatores, o ex-senador e ex-petista Delcídio Amaral era “mentiroso e descarado”, “que foi solto em um pacto entre o Miller e a Globo para fazer denuncia contra mim”.

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