Michel Temer escapou da primeira denúncia –aquela em que Rodrigo Janot afirmava que a mala com R$ 500 mil da JBS se destinava ao presidente– com a base dividida e suscitando questionamentos de como ele se sairia no momento em que enfrentasse a acusação de obstruir a Justiça.
A sobrevivência se deu após uma forte operação de liberação de emendas para a base e de enquadrar dissidentes. Agora, a segunda acusação chegou na reta final do mandato de Rodrigo Janot com um ambiente político muito mais propício para que Temer consiga se manter no Planalto.
O paradoxo é que a segunda denúncia é bem mais forte juridicamente do que a primeira. Além dos irmãos Batista, a base da denúncia tem a contribuição de Lúcio Funaro, que admitiu ter feito pagamentos de propina a Eduardo Cunha e Geddel Vieira Lima – aliados próximos de Temer que estão na cadeia.
No todo, a denúncia acusa Temer e o PMDB da Câmara (Eliseu Padilha, Moreira Franco, Geddel Vieira Lima, Henrique Eduardo Alves, Eduardo Cunha e Rocha Loures) de serem uma quadrilha que sangrou os cofres públicos por onde passou na última décadas. Valor da propina, segundo Janot: R$ 587 milhões.
É uma soma onze vezes a dinheirama encontrada no apartamento usado por Geddel e que precisaria de 1.187 malas iguais à que Rocha Loures carregava quando foi filmado pela Polícia Federal. Temer classificou a peça, que segundo ele está "recheada de absurdos", como "realismo fantástico em estado puro."
O primeiro fator que favorece a permanência de Temer é a inexistência de uma alternativa concreta, capaz de convencer a classe política e o empresariado a defenestrar o presidente. Na primeira denúncia, estes setores flertaram com a alternativa Rodrigo Maia (DEM-RJ), que permaneceu com o presidente.
O segundo elemento foram os erros na condução da delação de Joesley Batista e dos executivos da J&F, que fragilizaram Janot.
O surgimento do áudio em que Joesley e o executivo Ricardo Saud tramam foi considerado "gravíssimo" pelo procurador-geral da República e jogou um grande ponto de interrogação no futuro dos benefícios obtidos pelos delatores.
Embora tenha sido repisado por procuradores e até por ministros do Supremo que o virtual cancelamento da delação não invalida as provas entregues, o percalço de Janot deu munição política para os aliados de Temer atirarem na Procuradoria e defenderem Temer.
O caso fica mais complicado com o avanço das suspeitas de que Marcelo Miller, um dos principais negociadores da PGR, agiu para beneficiar Joesley enquanto ainda estava no cargo.
Em abril, ele deixou a Procuradoria para se juntar ao escritório Trench, Rossi e Watanabe, responsável pelo acordo de leniência (uma espécie de delação premiada de empresas) da... J&F.
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