Wesley Batista, um dos controladores da megaempresa JBS, tratou de uma operação dentro da empresa para comprar US$ 2 bilhões de dólares um dia após o lobista e delator Ricardo Saud entregar uma mala de dinheiro com R$ 500 mil para um aliado do presidente Michel Temer.
Na última quarta-feira, os irmãos Joesley e Wesley Batista foram presos pela suspeita de manipular o mercado financeiro para lucrar com o impacto da delação da empresa.
Uma das suspeitas é de que eles se anteciparam ao mercado para comprar dólar e, depois, ganhar com a valorização da moeda durante a crise que estava por vir.
A principal prova é o Whatsapp de Weslet Batista, principal nome da família no dia a dia da empresa. As conversas foram reveladas pelo Estadão.
Segundo a PF, as conversas mostram diversos indícios de que Wesley se valeu da delação para se apressar e comprar dólar.
Primeiro, porque ele acionou um funcionário num sábado à noite para saber como os bancos poderiam oferecer mais dinheiro para a compra de dólares. Era uma maneira de agilizar operações com grande volume de recursos.
Nesse diálogo, três informações mostram a pressa de Wesley Batista. 1) Era um sábado a noite; 2) o funcionário estava em férias até a semana seguinte; 3) ele se comprometeu a ter uma posição no domingo.
Não era um sábado qualquer. Menos de 24 horas antes, a JBS protagonizava um dos episódios mais ousados da história recente da corrupção no país (e olha que a concorrência é alta).
Com a participação da Polícia Federal, que filmou a cena, o lobista da JBS Ricardo Saud entregava uma mala de R$ 500 mil para Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor do presidente Michel Temer.
Há outro elemento que a PF apresenta como indício de que a compra de dólares ordenada por Wesley Batista era, no mínimo, incomum. De acordo com a perícia da PF, havia um ano que a JBS não fazia esse tipo de operação com mais de US$ 50 milhões.
Já em maio, quando foi revelada a delação da JBS, esse número passou de US$ 2 bilhões.
Em nota divulgada nesta sexta-feira (15), o advogado de Wesley Batista, Pierpaolo Cruz Bottini, disse que a defesa entrou com habeas corpus pela sua soltura. Ele disse, ainda, que não há outros casos de prisão no Brasil pelo crime apontado pela PF.
"A defesa dos irmãos Batista vai recorrer no STJ ainda hoje da decisão que negou a liminar no pedido de Habeas Corpus dos pacientes.
A própria decisão reconhece a ausência de fato novo apto a justificar a prisão.
A inexistência de qualquer outro preso preventivo no Brasil pela acusação de insider trading revela uma excepcionalidade no mínimo curiosa", disse o advogado. .