• newsbr badge

Bolsonaro, o líder nas pesquisas, foi pouco testado no debate da Band

Esnobando os ataques de Boulos, o deputado só perdeu a calma quando Ciro Gomes (PDT) disse que ele apresentou um projeto para liberar uma droga. Na verdade, o pedetista se referia a um suposto medicamento.

Líder nas pesquisas sem o nome do ex-presidente Lula, o deputado Jair Bolsonaro (PSL) conseguiu atravessar as quase três horas do debate da Band incólume, sem pisar em cascas de banana.

Graças às regras engessadas do encontro e à presença dos oito candidatos, Geraldo Alckmin (PSDB), Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede), Henrique Meirelles (MDB) e Alvaro Dias (PODE) foram pouco questionados e não sofreram ataques incisivos de ninguém. Como Lula está preso, o PT não teve, pela primeira vez, representante no debate.

Cabo Daciolo (Patriotas), que se embananou com números e pontuava quase toda frase com a "glória do Senhor Jesus", deu a nota mais cômica da noite, não oferecendo nada mais objetivo do que gerar memes.

No primeiro bloco, quando Guilherme Boulos (PSol) chamou Bolsonaro de machista, racista e homofóbico e depois mandando uma pergunta sobre uma funcionária do gabinete de Bolsonaro que vive no município de Angra dos Reis (RJ).

Bolsonaro não mordeu a isca. "Eu pensei que vinha discutir política nacional aqui...A senhora Valdelice [da Conceição] é uma funcionária minha que ganha R$ 2.000. Quando a Folha de S.Paulo foi lá, e não encontrou, disse que era funcionária fantasma. Só que nesta época, segundo o boletim oficial da Câmara dos Deputados, ela estava de férias. No tocante a patrimônio, o Ministério Público já revirou de perna pro ar [e não achou nada]", disse.

E o líder do MTST (Movimento dos Sem-Teto) perguntou então se ele não tinha vergonha de receber auxílio-moradia mesmo sendo dono de imóvel em Brasília.

"Eu teria vergonha se estivesse invadindo casas dos outros, não é? Auxílio-moradia está previsto em lei. Imoral é você fazer o que você faz", devolveu o deputado, esnobando Boulos: "Eu não vim aqui para bater boca com um cidadão desqualificado como esse aí."

O tema do auxílio-moradia foi uma fragilidade do deputado durante a sabatina da Globo News. Quando confrontado na semana passada com o fato de que os R$ 900 mil que recebeu de auxílio-moradia teriam sido suficientes para bancar a construção de dois postos de saúde, Bolsonaro perdeu as estribeiras com o jornalista Gerson Camarotti.

Não só ele. Temas que foram fortes na semana passada como Alckmin tendo de responder às suspeitas de superfaturamento no Rodoanel ou Ciro falando sobre um assunto que detesta [o próprio temperamento] não apareceram no debate da Band.

A irritação com a temperatura e as regras do debate foi vocalizada pelo presidente do PDT, Carlos Lupi, num dos intervalos, quando reclamava que Ciro passou muito tempo sem responder nenhuma pergunta: “Eu não estou culpando a Band, não. Estou culpando o nosso [representante] que aceitou essa regra.”

Boulos, de novo, voltou à carga contra Bolsonaro dizendo que ele era um "capitão expulso do Exército por querer jogar bomba lá em algum lugar." Ganhou direito de resposta e disse que deixou o Exército após ser eleito vereador no Rio.

"Nunca fui expulso nem coloquei bomba. Colocar bomba quem colocava era a sua ex-chefe Dilma Rousseff", devolveu Bolsonaro, assertivo, mas sem perder as estribeiras.

Durante o tempo que atuou no grupo armado VPR durante a ditadura, Dilma Rousseff nunca foi acusada de colocar bombas. O candidato do PSL tampouco entrou em detalhes sobre o processo que respondeu na Justiça Militar por atos de indisciplina e deslealdade nos anos 1980. Bolsonaro terminou absolvido das acusações pela instância superior.

Curiosamente, o único momento em que o Bolsonaro perdeu a calma ocorreu no quarto bloco, de forma quase acidental.


Ciro Gomes desenvolvia uma crítica contra a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) por levar vários anos para liberar um simples princípio ativo para a indústria farmacêutica, quando mencionou que o deputado Jair Bolsonaro havia apresentado um projeto de lei para liberar uma "droga."



Ciro se referia ao esdrúxulo caminho da autorização da fosfoetanolamina, a duvidosa "pílula do câncer", por projeto de lei no Congresso à revelia da própria Anvisa.



"Vejam onde nós chegamos: as agências encarregadas da saúde do povo não fazem o seu trabalho e os deputados, não duvido que de boa fé, votam autorizando um princípio ativo contra o câncer que, Graças a Deus, não faz muito mal", disse Ciro, com ironia.



Incomodado, Bolsonaro começou a reclamar em voz alta contra o uso da palavra droga, mas teve negado o direito de resposta pelo mediador Ricardo Boechat. Mesmo assim, o candidato continuou vociferando contra a "Anvisa corrupta, loteada por políticos."

Utilizamos cookies, próprios e de terceiros, que o reconhecem e identificam como um usuário único, para garantir a melhor experiência de navegação, personalizar conteúdo e anúncios, e melhorar o desempenho do nosso site e serviços. Esses Cookies nos permitem coletar alguns dados pessoais sobre você, como sua ID exclusiva atribuída ao seu dispositivo, endereço de IP, tipo de dispositivo e navegador, conteúdos visualizados ou outras ações realizadas usando nossos serviços, país e idioma selecionados, entre outros. Para saber mais sobre nossa política de cookies, acesse link.

Caso não concorde com o uso cookies dessa forma, você deverá ajustar as configurações de seu navegador ou deixar de acessar o nosso site e serviços. Ao continuar com a navegação em nosso site, você aceita o uso de cookies.