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"Sombra" de Dilma, que foi citado na Lava Jato, agora trabalha na Câmara

Anderson Dorneles trabalhou por 20 anos como assessor da petista, que o chamava de "meu menino" e "bebê". Na Lava Jato ele é citado como recebedor de R$ 350 mil, o que nega.

Anderson Dorneles, que foi assessor de Dilma Rousseff por quase 20 anos, está de emprego novo. Ele foi nomeado, na sexta-feira, para assessorar a liderança do Avante na Câmara dos Deputados. O inquérito que investiga se ele recebeu R$ 350 mil em propina da Odebrecht não impediu que o Anderson tomasse posse.

Dorneles conheceu Dilma quando ainda era estagiário na Secretaria Estadual de Energia do Rio Grande do Sul, quando ela era titular da pasta.

Depois, ele acompanhou a chefe pelos ministérios de Minas e Energia e Casa Civil e na Presidência da República. Ela o chamava de "bebê" e "o menino"; e Dorneles era uma espécie de faz-tudo da então presidente, principalmente cuidando de seus emails e telefonemas.

Em um de seus depoimentos de delação premiada, Marcelo Odebrecht, ex-presidente da construtora, afirmou que Anderson o procurou pedindo ajuda financeira para um amigo. "É complicado dizer não. Eu não pedi nada a ele por conta disso, mas ele era a quem eu mandava várias notas, vários emails para a presidente", disse Marcelo.

"Quantos dos meus emails não seriam bloqueados por ele? A gente nunca sabe, então atende", continuou o ex-presidente da Odebrecht.

O empresário e mais dois ex-executivos da construtora, que também são delatores, afirmaram que entregaram sete parcelas de R$ 50 mil entre outubro de 2013 e junho de 2014 a dois homens, que seriam amigos indicados por Dorneles.

O nome do assessor de Dilma na lista da Odebrecht, segundo os delatores, era "Las Vegas".

Marcelo Odebrecht disse que mantinha relação com Dorneles desde que Dilma era ministra. Segundo ele, inicialmente, o assessor pedia convites para o Carnaval, nos camarotes de Salvador e Rio de Janeiro. Só depois, teria contado que precisava ajudar um amigo em dificuldade financeira.

A denúncia sobre o dinheiro de "Las Vegas" deu origem à petição 6681, feita pela Procuradoria-Geral da República ao Supremo Tribunal Federal (STF), em março de 2017. Como não se tratava de pessoa com foro privilegiado, o STF mandou a petição à Justiça Federal do Distrito Federal.

Anderson Dorneles disse nesta segunda-feira (25) ao BuzzFeed News que já prestou depoimento no inquérito que investiga o caso. Ele nega que tenha recebido dinheiro.

"Lógico que isso não aconteceu. No depoimento, eu mostrei para a Polícia Federal que [entregar mensagens e emails para Dilma] era o meu trabalho e não um privilégio. Eu abri meus sigilos bancário e fiscal", disse o assessor.

Segundo Dorneles, Marcelo Odebrecht teria retificado seu depoimento, isentando o ex-assessor. Mas ele confirmou que o inquérito não foi encerrado.

Dorneles afirmou que é ligado ao Avante desde que o partido foi criado. Ele foi contratado pelo líder da legenda, deputado Luis Tibé, de Minas Gerais.

Seu cargo é CNE-09 (Cargo de Natureza Especial-09). Segundo o site da Câmara dos Deputados, o cargo vale R$ 11,6 mil, incluindo salário e gratificações.


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