Num comportamento fora dos padrões diplomáticos de encontros entre chefes de estado, o presidente Jair Bolsonaro disse que tem certeza de que Donald Trump será reeleito em 2020. A afirmação foi feita nos jardins da Casa Branca, logo depois do encontro entre os dois, nesta terça.
Um jornalista americano perguntou a Bolsonaro o que aconteceria com a relação dos dois países, se o eleitorado americano elegesse um adversário de Trump para a Casa Branca em 2020.
"Bom, é um assunto interno, nós vamos respeitar os resultados das urnas", disse Bolsonaro, expressando aparente cautela para logo em seguida emendar: "Mas eu acredito que Donald Trump será reeleito."
O brasileiro foi tão assertivo que o americano, surpreso, interrompeu-o: "Eu concordo! Obrigado!"
É altamente incomum que visitantes estrangeiros opinem sobre questões domésticas porque as relações entre países devem estar acima de simpatias e antipatias de eventuais mandatários.
Nem o israelense Benjamin Netanyahu, que tinha uma relação ruim com Barack Obama e era amigo do republicano Mitt Romney, ousou dar uma declaração semelhante na eleição de 2012.
Venezuela
A posição do Brasil sobre a Venezuela teve uma mudança. Até a chegada de Bolsonaro aos Estados Unidos, a posição do governo brasileiro era contrária a uma intervenção militar no país vizinho, devendo ficar limitada à ajuda humanitária.
Venezuela foi o principal tema da conversa fechada com Trump. Ao sair da reunião, Bolsonaro foi questionado por jornalistas sobre a Venezuela e esquivou-se de negar veementemente apoio brasileiro a uma intervenção militar.
Agora, ele diz que a "estratégia" não seria discutida publicamente. Trump voltou a dizer que todas as opções estão "sobre a mesa", mas fez a ressalva que ainda há sanções a serem adotadas contra o regime de Nicolás Maduro antes de um conflito armado.