Mesmo depois das inúmeras prisões, a Lava Jato descobriu que um grupo de ex-gerentes da Petrobras recebia propina até junho de 2016, mais de dois anos depois do início da operação. Esses três ex-gerentes foram presos nesta quinta-feira (4) na 40ª fase da Lava Jato, batizada de Asfixia.
As prisões são temporárias, ou seja, de apenas cinco dias, renováveis por mais cinco. Esses ex-gerentes são da área de gás e energia da Petrobras e são suspeitos de receber mais de R$ 100 milhões em propinas de empreiteiras. Em troca, garantiam que os contratos das empresas com a estatal não teriam dificuldades.
De acordo com a Lava Jato, a propina se dividia em pagamentos em espécie; transferências para contas na Suíça; e pagamento de despesas pessoais dos ex-gerentes.
Assim falou o procurador Orlando Martell, integrante da força-tarefa da Lava Jato:
“Mais uma vez, observa-se que o esquema criminoso instalado na Petrobras ainda não foi integralmente desfeito, pois a divisão das vantagens ilícitas e os próprios pagamentos de propina continuam a ocorrer mesmo após o desligamento dos agentes públicos da Petrobras, e, pasmem, permanecem ativos mesmo após tanto tempo de investigação”.
Além dos pagamentos de propina mesmo após a deflagração da Lava Jato, os investigadores foram surpreendidos pela ousadia de um dos investigados. Ele tentou se valer da lei de repatriação para “esquentar” R$ 48 milhões que estavam em contas secretas no Bahamas, usando como justificativa a venda de um imóvel.
“Esse fato é gravíssimo, pois mostra que a lei de regularização cambial institucionalizou a lavagem de dinheiro dos ativos mantidos no exterior”, disse o procurador Diogo Castor de Mattos.