O líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto), Guilherme Boulos, 35, foi escolhido neste sábado (10) para ser o candidato do PSOL à Presidência da República.
Ele prometeu que, se eleito, vai convocar um plebiscito para os eleitores decidirem se as políticas "tomadas por este governo ilegítimo de Michel Temer" devem ser mantidas ou revogadas.
"Em dois anos de governo sem voto no Brasil, se fez um retrocesso de mais de 50 anos nos direitos sociais", afirmou.
"Sequer a ditadura militar em 21 anos mexeu na CLT [Consolidação das Leis Trabalhistas]. O governo Temer em dois anos praticamente revogou a legislação trabalhista."
Elencando uma a uma as principais políticas do governo Temer, o pré-candidato do PSOL criticou todas elas. Sobre a emenda constitucional que estabeleceu um teto de gastos públicos, afirmou que representa "o fim da capacidade do Estado brasileiro de fazer políticas públicas".
Ele também criticou as candidaturas do campo governista, como a do governador Geraldo Alckmin (PSDB) e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM). "Algumas têm mais vergonha de posar ao lado do Temer na foto, algumas têm menos vergonha", afirmou, para argumentar que, em essência, são todas iguais.
Alvo de críticas internas, Boulos foi escolhido pelos delegados do PSOL com 87 votos (71% do total), ao derrotar outros dois candidatos, Plínio de Arruda Sampaio Jr. e Hamilton Assis.
Candidata a vice-presidente na chapa, a líder indígena Sônia Guajajara foi escolhida por unanimidade.
Nas últimas semanas, a provável escolha de Boulos sofreu fogo amigo no PSOL. Uma ala do partido, liderada principalmente por Plínio de Arruda Sampaio Jr., enxerga com desconfiança a proximidade de Boulos com o ex-presidente Lula.
No dia da condenação de Lula pelo TRF-4 (Tribunal Regional Federal da 4ª Região), por exemplo, o MTST — sob liderança de Boulos — promoveu um ato na praça da República e recebeu Lula em um carro de som. Depois, os manifestantes marcharam até a avenida Paulista.
"Eu sempre defendi que a esquerda tem que ter unidade em temas fundamentais, como a defesa da democracia, mas tem que ter preservada a diversidade", disse Boulos neste sábado.
"Existem projetos diferentes no interior da esquerda, e esses diferentes projetos têm razão para se apresentarem de maneira diferente no primeiro turno", concluiu, após ser questionado sobre Lula.
"A nossa posição, e essa também é a posição tomada pelo PSOL, e da defesa do direito do Lula ser candidato à Presidência da República por entender que sua condenação foi injusta e sem provas", disse Boulos.
"Nós achamos que defender o direito do Lula ser candidato e questionar e denunciar uma condenação em que o Judiciário toma o papel de partido político e condena por casuísmo, isso é uma coisa, e isso tem ampla unidade."
Em um ato do PSOL no Rio, na semana passada, um vídeo em que Lula apóia a candidatura de Boulos foi exibido. "Você sabe o quanto eu te respeito, o quanto gosto de você pessoalmente e quanto acho você uma pessoa de muito futuro na política. Jamais vou pedir para você não ser candidato", diz o petista.