O primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi, anunciou sua renúncia ao cargo, fazendo com que a Itália enfrente uma crise política semelhante às de outros países europeus, ocasionada por uma forte onda anti-establishment.
No domingo (4), os italianos rejeitaram uma proposta de reforma constitucional feita por meio de um referendo, com o qual o primeiro-ministro pôs sua carreira política em risco.
Em uma entrevista coletiva duas horas após o fechamento das urnas, Renzi disse a repórteres: "Na política italiana, ninguém nunca perde — é possível não vencer, mas nunca perder. Após toda eleição, nada muda. Eu sou diferente. Eu perdi e admito mesmo com um pouco de tristeza, porque não sou um robô... Eu queria abolir a grande quantidade de cargos políticos na Itália, mas não consegui, então o cargo que ficará vago será o meu".
A campanha pelo "não" foi encampada principalmente pelo partido de extrema direita Liga Norte e pelo populista Movimento das Cinco Estrelas (M5S). Ambas as siglas pedem um referendo para que a Itália decida por uma possível saída do Euro. À luz dos resultados de domingo, os líderes da Liga Norte, Matteo Salvini, e do M5S, Beppe Grillo, pediram uma antecipação das eleições.
Salvini ligou o resultado a favor de seu partido à eleição de Donald Trump nos Estados Unidos, no mês passado, assim como ao apoio que têm o presidente da Rússia, Vladimir Putin, e o partido de extrema-direita Frente Nacional, na França, liderado por Marine Le Pen.
Le Pen foi uma das primeiras a dar os parabéns ao "amigo" pela vitória, no Twitter.
As pesquisas mais recentes na Itália mostram que qualquer disputa eleitoral provavelmente terá três partidos fortes: o de centro-esquerda Partido Democrático (PD), o M5S e o bloco de centro-direita e extrema-direita que inclui a Liga Norte.
Renzi apresentará sua renúncia oficialmente ao presidente da Itália, Sergio Matarella, nesta segunda-feira (5). O presidente, então, fará uma consulta aos partidos do Parlamento antes de indicar um novo primeiro-ministro.
Ainda não está claro se Renzi continuará como líder do Partido Democrático.
Uma das primeiras tarefas de um novo governo será fazer uma nova reforma eleitoral, como a que Renzi tentou aprovar por referendo, e um pacote com medidas de austeridade econômica.
O comparecimento às urnas foi de aproximadamente 70%, e foi particularmente alto em regiões do país em que a Liga Norte e o M5S têm muitos eleitores.
Este post foi traduzido do inglês.