O ex-presidente Lula foi condenado a 9 anos e 6 meses de prisão pelo juiz federal Sergio Moro, nesta quarta-feira (12).
Mas isso não significa que o petista, líder nas pesquisas de intenção para 2018, seja carta fora do baralho na eleição.
A Lei da Ficha Limpa estabelece que políticos só se tornem ficha-suja — e, portanto, fiquem inelegíveis — após uma eventual condenação em segunda instância.
Um recurso de Lula contra a sentença de Moro, que foi dada no âmbito da Justiça Federal do Paraná, será julgado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), sediado em Porto Alegre.
No fim de junho, por exemplo, o TRF-4 inocentou o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto, que havia sido condenado por Moro a 15 anos e 4 meses de prisão.
Em média, o tribunal demora entre 10 e 12 meses para julgar recursos a sentenças de Moro na Lava Jato. Se o TRF condenar Lula novamente até o dia 15 de agosto de 2018, data limite para registro de candidatos segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o petista não poderá concorrer.
Desde o início do governo de Michel Temer (PMDB), em março do ano passado, Lula cresceu de 17% para 30% nas pesquisas de intenção de voto do Datafolha. A ascensão do petista coincide com o derretimento da avaliação de Temer, que hoje conta com apenas 7% de aprovação.
A repercussão da condenação de Lula foi dura no Senado entre os petistas, que tacharam como política a condenação do ex-presidente por Sergio Moro. "Uma eleição sem Lula é farsa", discursou da tribuna Lindbergh Farias (PT-RJ).
Num tom mais apocalíptico, Tião Viana (PT-AC) acusou as "elites" do país de tramarem contra a participação de Lula na eleição de 2018: "A elite brasileira está colhendo vento e vai colher tempestade."
O prefeito de São Paulo, João Doria (PSDB), foi ao Facebook logo que a condenação tornou-se pública. Buscando se colocar como antagonista direto de Lula, o tucano o chamou de "o maior cara de pau do Brasil".
No cenário em que foi testado pelo Datafolha na corrida presidencial, Doria aparece com 10% das intenções, em quarto lugar, atrás de Lula (30%), Marina Silva (15%) e Jair Bolsonaro (15%).
Porém, ao contrário dos outros concorrentes, o tucano tem uma taxa de rejeição baixa — e, portanto, possui espaço para crescer no eleitorado.
No cenário de segundo turno contra Lula, Doria vai melhor que seu padrinho político — o governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) — e que Bolsonaro, mas mesmo assim aparece atrás do petista. Contra o prefeito paulistano, Lula tem 45% das intenções contra 34%.