Pré-candidato à Presidência, o ex-ministro Ciro Gomes (PDT) disse nesta terça (20) que "a natureza do PT, assim como a do escorpião, é afundar sozinho".
Ciro foi questionado se faria aliança eleitoral com o PT caso uma candidatura alternativa à do ex-presidente Lula não se concretize, como tem sido aventado.
Ele disse que faria a coligação, mas que acha o cenário pouco provável, já que o PT vai querer candidato próprio. "Vão fazer de novo a mesma coisa, mas tá tudo certo, direito deles."
A fala de Ciro ocorreu durante evento da Folha de S.Paulo, em que foi entrevistado pela colunista Mônica Bergamo. O pré-candidato defendeu que Lula é inocente e deveria ser absolvido, mas que outros petistas cometeram crimes.
"A parte hegemônica da burocracia [do PT] chafurdou onde não deveria chafurdar", ele disse, citando Antonio Palocci, ex-ministro da Fazenda (governo Lula) e da Casa Civil (governo Dilma).
Apesar de crer na inocência de Lula, o pedetista acredita que a decisão da Justiça de condená-lo deve ser respeitada. "Pode até dizer que é uma decisão injusta, mas não se pode dizer que é uma decisão arbitrária."
Na pesquisa mais recente do Datafolha, divulgada em 31 de janeiro, Ciro aparece empatado tecnicamente na segunda colocação com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e atrás do deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), que deve concorrer à Presidência pelo PSL e tem 18% das intenções.
Nesse cenário sem Lula, o pré-candidato do PDT tem 12% das intenções, quase o mesmo percentual de Alckmin, que tem 11% — veja a pesquisa completa neste link.
A proximidade com Alckmin nas pesquisas ajuda a explicar por que Ciro também centrou fogo no tucano nesta terça.
Instado a comentar a intervenção federal na segurança do Rio de Janeiro, que classificou como "politiqueira e mal intencionada", Ciro disse que o governo deveria ter começado por São Paulo.
Ele disse que "há 10 anos, pelo menos", há um "acordo" entre chefes de facções e o governo paulista — Ciro, porém, não especificou que tipo de "acordo" é esse.
O pré-candidato acrescentou: "Aqui [em São Paulo] se frauda os indicadores de homicídio. São Paulo não cumpre a metodologia determinada pelo Ministério da Justiça para apurar os homicídios".
Conhecido pelo temperamento irascível e pelas declarações destemperadas, Ciro brincou após Bergamo pedir um adjetivo para definir o presidente Michel Temer — de quem o pedetista é crítico.
"Vamos ver o adjetivo que vou usar nesta minha versão estadista…", brincou Ciro, para risadas da plateia. "Enojante. O Temer é uma figura enojante."