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Em evento de jornal, Gilmar diz que jornalistas "palpitam sobre o que não conhecem"

Ministro criticou a preparação dos profissionais de imprensa que, segundo ele, é "cúmplice" em vazamentos e "festeja criminosos".

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes voltou a criticar, nesta segunda (19), a relação entre jornalistas e fontes da área jurídica. Detalhe: a fala aconteceu em um evento, cheio de jornalistas, de aniversário da Folha de S.Paulo.

Gilmar afirmou que repórteres não têm compreensão dos assuntos que cobrem. "É preciso entender um pouco a lógica do Judiciário, e os jornalistas têm uma vantagem, porque eles palpitam sobre coisa que eles não conhecem", ironizou.

"Leiam antes, se informem antes, peguem os documentos. É preciso ter jornalista alfabetizado", disse Gilmar.

O ministro participou de uma mesa para discutir a relação entre jornalistas e fontes. Além dele, estavam presentes o diretor de Redação da revista Veja, André Petry, e o advogado e colunista da Folha de S.Paulo Luís Francisco Carvalho Filho. A mediação foi feita pela jornalista Maria Cristina Frias, colunista do jornal.

Crítica recorrente feita por Gilmar, a publicação de informações sigilosas voltou à mira do ministro, que concentrou suas intervenções nesse ponto específico.

Segundo ele, membros da Polícia Federal ou do Ministério Público que repassam informações sigilosas a jornalistas criam uma relação desigual e se aproveitam dessa relação em benefício deles próprios.

"Quando um delegado chefia uma grande operação, ele está absolutamente empoderado, porque só ele tem aquelas informações", afirmou Gilmar. "Por isso, cria essa relação de quase servilismo, é preciso reconhecer."

O ministro também criticou a publicação de reportagens com informações que constam em acordos de delação ainda não homologados ou devidamente investigados.

"Eu sei que vocês [jornalistas] fazem a festa em relação a isso e festejam também o criminoso, que é o vazador", disse ele. "Até estabelecem uma relação de parceria, até de amizade. Esse sujeito se empodera em relação a muitos dos jornalistas, isso é um problema de cooptação."

Houve um único momento em que Gilmar foi confrontado com uma comparação entre o trabalho da imprensa e o do Judiciário: "Ministro, falando em cinco anos para dar um direito de resposta, o que o senhor acha de um juiz pedir vistas e ficar cinco anos para devolver?", questionou Maria Cristina Frias, que foi aplaudida pela plateia.

O ministro saiu pela tangente, comparando a quantidade de casos julgados pelo Supremo à quantidade que tribunais constitucionais de outros países julgam — nos Estados Unidos, por exemplo, são de 100 a 200 por ano, enquanto no Brasil há cerca de 7.000 ações para cada 1 dos 11 ministros.

"Nós lidamos com uma massa de processos enorme", disse Gilmar.

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