Depois de receber um sinal verde de lideranças do PC do B para formar uma coligação, o PDT do pré-candidato Ciro Gomes avança sobre o PSB, que acabou de sofrer a baixa do ex-ministro do STF Joaquim Barbosa na corrida eleitoral.
O presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, afirmou ao BuzzFeed News que vai acelerar as tratativas com o partido de Barbosa para compor o que considera uma aliança de centro-esquerda para disputa pela Presidência da República.
"Já discutimos algumas vezes com a direção nacional do PSB, mas tinha que ter um respeito por causa da candidatura de Joaquim Barbosa. Como ele já disse que não é candidato, essa conversa será retomada com mais força", disse Lupi.
De acordo com a última pesquisa Datafolha, de abril, Ciro e Barbosa têm, igualmente, 9% de intenção de votos em um cenário em que o nome do ex-prefeito Fernando Haddad aparece como substituto petista de Lula, preso pela Lava Jato. Haddad tem 2%. Lula é líder nas pesquisas e o PT insiste que vai inscreve-lo como candidato, ainda que ele esteja preso e possa ser barrado pela lei da Ficha Limpa.
Alas do PT, no entanto, tentam alçar nomes como o e Haddad para substituir Lula e não descartam a aliança com Ciro. Nessa queda-de-braço, viram o PC do B, seu aliado histórico, acenar para o pedetista. Em entrevista à Folha de S. Paulo na segunda-feira, o governador do Maranhão, Flávio Dino, afirmou que, sem Lula na disputa, os partidos de esquerda deveriam apoiar Ciro Gomes.
Pré-candidata do PC do B à Presidência, a deputada estadual Manuela D'Ávila concordou com o governador Dino, embora tenha dito que a aliança mais provável é no segundo turno. "Estou aberta — e todos deveriam estar também — para a construção de uma saída que una o conjunto da esquerda", afirmou Manuela em nota. As declarações dos comunistas animaram o PDT.
"Sempre tivemos essa esperança. E vamos continuar a conversa para um projeto de centro-esquerda", disse Carlos Lupi, afirmando que o nome do candidato a vice-presidente na chapa de Ciro está em aberto nesse início de negociação.
A declaração recente da presidente do PT, senadora Gleisi Hoffmann, de que "Ciro não passa no PT nem com reza brava" irritou dirigentes do PDT. Mas, segundo Lupi, a afirmação não inviabiliza a tentativa de construir uma coligação.
"Isso não me abala. Eu insisto [no diálogo], sou brasileiro, não desisto", disse Lupi, que foi ministro do governo Lula e tem boa relação com o ex-presidente petista.