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O ex-noivo de Tayssa foi acusado de agressão e perseguição — mas é ela quem vive como fugitiva

"Eu não saio mais, não vejo amigos, não vou a bares. Onde eu apareço alguém avisa a ele que eu estou", diz Tayssa. "Enquanto isso, o outro lado fica na impunidade, vive normal. A lei não funciona."

Há dois meses, a publicitária Tayssa Madeira, 31, pegou o filho de 7 anos e saiu de casa sem destino certo. Precisava sumir do bairro em que passou praticamente a vida toda, o Catete, na zona sul do Rio. Não cometeu nenhum crime nem fez nada de errado — ela só queria que o ex-noivo, o lutador de MMA e professor de artes marciais Marlon Sandro, o Gladiador, não conseguisse mais encontrá-la.

Em dezembro, depois de um jogo do Flamengo a que o casal assistira num bar na praça São Salvador, Marlon a agrediu violentamente, provocando um ferimento na retina e outro no braço. Com as duas mãos, a agarrou pelo pescoço e apertou até deixa-la desmaiada, no chão, no meio da rua.

Amigas de Tayssa, horrorizadas com o espancamento, divulgaram imagens dela nas redes sociais; e, a partir disso, a delegada Gabriela Beauvais, da Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher) do Rio, começou a investigar o caso.

A delegada queria que Marlon fosse responsabilizado por tentativa de feminicídio, mas o Ministério Público decidiu processá-lo por lesão corporal no âmbito da lei Maria da Penha, disse ao BuzzFeed News o advogado de Tayssa, Menandro Lobão.

O caso chegou à imprensa — e Marlon Sandro, que havia treinado com campeões do UFC como José Aldo, passou a ter problemas na carreira, chegando a ser afastado da academia Nova União, onde treinava. Começou a culpar a ex-noiva.

Em fevereiro, mesma época em que divulgou no Instagram um vídeo em que pedia desculpa aos fãs pelas agressões, ele abordou Tayssa na rua e entrou com ela no apartamento em que o casal havia morado até dezembro.

O filho de Tayssa estava na casa dos avós. Sozinho com ela, Marlon pegou uma faca e fez ameaças de morte. "Ele dizia que eu podia escolher para quem ligar e me despedir." Tayssa conseguiu mandar uma mensagem de texto para a mãe.

"A rua estava cheia de gente de um bloco de Carnaval e a polícia não conseguia chegar", disse a publicitária, que foi resgatada pela mãe e o irmão.

O dia da faca foi a gota d'água

Tayssa colocou o apartamento à venda e foi se abrigar na casa de um parente, sem informar o endereço para ninguém.

Marlon tem duas ordens de restrição contra ele, mas, na opinião de Tayssa, elas não surtiram efeito. Seu advogado também acredita que não.

"Eu não quero me colocar como vítima. Eu quero mostrar como a gente tem de se esconder, como a gente fica com a vida comprometida enquanto o outro lado fica na impunidade, vive normal. A lei não funciona", disse Tayssa ao BuzzFeed News.

Fragilizada, Tayssa afirma que perdeu parte de seu trabalho como publicitária e que viu sua vida ser transformada em um inferno. "Eu não saio mais, não vejo mais amigos, não vou a festas, não vou a bares. Onde eu apareço alguém avisa a ele que eu estou. No meu trabalho, [os colegas] têm medo de que ele apareça e faça alguma coisa. Tive de tirar meu filho da escola que ele frequenta desde bebê."

O caso está no 1º Juizado de Violência Doméstica do Rio de Janeiro. Réu primário, Marlon Sandro pode pegar até três anos de prisão por lesão corporal. O inquérito sobre o caso de ameaça ainda está sob investigação.

Marlon e Tayssa começaram a namorar e ficaram noivos no ano passado. Ele foi morar com ela e o filho dela, fruto de um relacionamento anterior, em seu apartamento no Catete. O namoro, segundo Tayssa, era marcado por demonstrações de ciúme e controle por parte dele, mas ela diz que jamais havia pensado que a relação acabaria em violência.

“Eu não a persigo”

O lutador de MMA Marlon Sandro, 41, disse ao BuzzFeed News que não persegue Tayssa. “Eu moro no morro [Santo Amaro] que, infelizmente, é perto da casa dela. Ela está se mudando porque quer.”

Marlon disse ter ciência das ordens de restrição. “Não estou descumprindo nada. Ela é que está querendo me acusar de qualquer coisa porque quer me colocar na cadeia."

O lutador disse que a publicitária está “incomodada” porque ele está dando aulas de artes marciais para mulheres.

Sobre as agressões, pelas quais ele já chegou a pedir desculpas publicamente, ele disse que está orientado por seu advogado a não dar mais declarações.

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