Presidente do PSDB municipal, o vereador Mario Covas Neto, o Zuzinha, aumentou a lista de bens públicos a serem concedidos pela prefeitura de São Paulo à iniciativa privada: além do Pacaembu, de Interlagos e de parques, ele quer privatizar o Theatro Municipal.
A proposta faz parte do substituto ao projeto de lei 367/2017, apresentado pelo prefeito João Doria (PSDB) à Câmara dos Vereadores. Com um pacote de inúmeras privatizações e concessões, o projeto tem gerado grande polêmica na Câmara.
"Minha argumentação é de que o princípio que leva você a exonerar o poder público de algo que não é essencial vale tanto para esporte quanto para cultura. Quando você pega o orçamento da cidade, a despesa do teatro é dez vezes maior que a do Pacaembu", disse o vereador.
A dotação inicial do Orçamento de São Paulo para o Municipal era de R$ 88 milhões para 2017, mas a pasta da Cultura foi contingenciada. De acordo com a Câmara dos Vereadores, o orçamento do Pacaembu é de R$ 9 milhões este ano.
Questionado sobre o orçamento do teatro incluir a manutenção dos chamados corpos estáveis (coros, orquestras e balé) e de duas escolas de música e de dança, o vereador afirmou ao BuzzFeed Brasil: "Não estou entrando no mérito se o dinheiro é bem ou mal gasto. Num momento de crise, você tem de concentrar os recursos naquilo que é essencial. Se esse discurso leva a desonerar o Estado, por que não levar para esse lado (cultura)? Se pode fazer isso com o Pacaembu, por que não com o Municipal?"
O projeto de lei de Doria tem acirrado os ânimos dentro do próprio partido. Além do substitutivo de Mario Covas Neto, a vereadora Patricia Bezerra, ex-secretária de Direitos Humanos da gestão tucana, quer aprovar um plebiscito sobre a política de concessão e privatização de Doria.
A Secretaria de Cultura de São Paulo ainda não se manifestou sobre a proposta. "Não é um ideológico. Estou apenas contribuindo para um discussão. Se o Municipal continuar sendo do município não tem nenhum problema para mim", disse o vereador.