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"Eu decidi que tinha de ser alguém importante para não ser humilhada", diz primeira trans do vôlei

Tiffany Abreu integra o Vôlei Bauru.

A jogadora de vôlei Tiffany Abreu, 33, deu um tempo na semana de treinos nesta quinta-feira (7) para fazer luzes nos cabelos. Reclamou com a cabeleireira e maquiadora, rindo: "Queria que tivesse uma base que não saísse na toalha". A atleta não dispensa um gloss nem no treino, para deixar os lábios brilhando. "Mas não sou a mais vaidosa, a mais vaidosa é a Gabi Martins", entrega Tiffany, a ponteira-oposta recém-contratada pela Vôlei Bauru para disputar na Superliga 2017/2018.

Tiffany é a primeira atleta transexual a atuar na Superliga de Vôlei brasileiro.

Ela completou a transição de gênero no ano passado com uma cirurgia de redesignação genital. Antes disso, jogava em ligas profissionais masculinas de vôlei na Europa. Agora, poderá jogar no Brasil desde que complete a documentação com exames que comprovem baixos índices de testosterona. Os exames foram feitos e a documentação foi encaminhada pelo clube à confederação do esporte.

A cirurgia não era necessária para jogar na Superliga, mas era um desejo da jogadora.

Feliz com o resultado, Tiffany conta que a transição foi difícil. Foram quatro anos longe do esporte, passando por tratamento e cirurgias.

"Foi um período horrível. Eu já sabia [que era transgênero], mas tive primeiro de conquistar o meu espaço. Não queria depender de ninguém para fazer a transição. Eu queria realmente ter o meu ganha-pão. No início é complicado, você fica estranha", contou ela, que passou por uma série de cirurgias plásticas e de tratamentos com hormônios na Europa.

"EU SABIA DESDE QUE ERA CRIANÇA"

"Eu sabia desde que era criança. Mas eu tinha medo. Passei por tantas coisas ruins. Eu decidi que tinha de ser alguém importante para não ser humilhada. As pessoas me chamavam de muitas coisas: de viadinho, de mulherzinha, de menininha. Foi o esporte que me acolheu e, graças a Deus, deu tudo certo."

Tiffany e seus seis irmãos foram criados pela mãe e os avós maternos. Eram uma família pobre.

"Eu sofria muito sozinha. Guardava tudo para mim. E fazia planos. Sempre planejei minha vida. Sofria o preconceito sozinha porque não queria que a minha família sofresse junto. Tive de ser corajosa."

Ela foi criada entre Goiás e Pará, mas se tornou atleta profissional na Europa, onde jogou vôlei em times masculinos com o nome de Rodrigo Abreu. Morou por último no Bélgica, onde deixou o namorado para voltar ao Brasil e se juntar ao time de Bauru.

"Tive de escolher entre o coração e o trabalho e fiquei com o trabalho. Mas estou muito feliz e tranquila. Maravilhosamente. Estou solteira e não estou procurando pretendentes. Estou focada no trabalho."

"É MARAVILHOSO PODER ME OLHAR NO ESPELHO"

Os sonhos de menina que Tiffany realizou depois da transição são dos mais simples. "Ah, são tantos. É maravilhoso. Depois da cirurgia, principalmente. Poder me olhar no espelho. No banho, poder sentir aquele corpo totalmente feminino. Qualquer roupa que eu visto fica certinha. Sem nenhuma preocupação".

Tiffany conta que sentiu necessidade de fazer a cirurgia de redesignação sexual, mas diz que nem toda pessoa transgênero passa pelo mesmo processo. "Antes de fazer a cirurgia eu já estava feliz com a minha transformação, mas eu queria [a cirurgia]. Tem transgênero que não precisa [da cirurgia] e se sente feliz."



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