O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, afirmou que vai continuar as investigações sobre o presidente Michel Temer (PMDB) e a alta cúpula de Brasília até o último dia de seu mandato, em 18 de setembro.
"Enquanto houver bambu, lá vai flecha", disse Janot, durante congresso da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) neste sábado (1) em São Paulo.
Ele será substituído pela procuradora da República Raquel Dodge, escolhida para o cargo por Temer, apesar de ser a segunda na lista tríplice da votação dos procuradores. "Até 17 de outubro, a caneta está na minha mão e eu vou continuar neste ritmo que estou".
Janot minimizou os conflitos de opinião com Raquel Dodge e as polêmicas com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes. "Todas as vezes que eu tive de me dirigir a ele de maneira mais dura foi reagindo a uma agressão. É legitima defesa", disse ele diante de pergunta da mediadora do encontro, a jornalista Renata Lo Prete, da Globo News.
O procurador-geral defendeu a denúncia de corrupção passiva contra Temer e afirmou que o mais importante nesse caso é a narrativa. "A narrativa é de clareza tão grande que duvido que em qualquer outro juízo ela não seja recebida", disse Janot.
Para ele, é difícil apresentar mais provas do que apresentou contra Temer na denúncia feita ao STF.
"Não é possível que, para pegar um picareta, tenha que tirar foto do sujeito tirando a carteira do bolso", disse ele, explicando as dificuldades desse tipo de prova em crime de corrupção. "Ninguém passa recibo para esse tipo de prova. Ela é satânica, é quase impossível".
Janot disse que anda com seguranças, mas que não teme por sua vida, embora receba ameaças. "Se acontecer alguma coisa comigo, a confusão é muito maior do que me deixar vivo."