Em dois meses, o chamado Corujão da Cirurgia, da prefeitura de São Paulo, realizou 5.292 cirurgias gerais e de ginecologia na rede pública de saúde. A fila é de 65 mil pacientes e o objetivo da Secretaria de Saúde é chegar a 5 mil operações mensais.
O secretário de Saúde, o médico Wilson Pollara, admite que, diferentemente do Corujão da Saúde, que realizou mais de 400 mil exames de imagem em quatro meses, o Corujão da Cirurgia não vai conseguir zerar a demanda pelos procedimentos médicos até o final do ano.
"Não vai dar para fazer na mesma velocidade (que os exames)", disse Pollara, avisando que, para bater a meta das 65 mil operações, "vai invadir o próximo ano".
De acordo com Pollara, esses procedimentos exigem não só as salas de cirurgia, mas vagas de internação e o uso de equipamentos escassos na prefeitura, como aparelhos de videolaparoscopia.
Outro fator é que a prefeitura trabalha basicamente com o corpo clínico efetivo e com as unidades hospitalares da própria rede municipal. Por enquanto, são feitas as cirurgias de clínica geral e as ginecológicas. A parte mais difícil, afirma o médico, será cumprir a meta de 20 mil cirurgias ortopédicas.
"Há 5 mi cirurgias de joelho. Cada prótese de joelho custa R$ 6 mil", aponta o secretário.
Médicos da rede municipal de saúde em São Paulo estão recebendo R$ 1,2 mil para fazer quatro cirurgias a mais por dia de trabalho. Segundo o secretário, os médicos não se queixaram de aumentar a carga de trabalho, mas a prefeitura fez um acordo com eles. Em vez de pagar por 12 horas a mais, o pagamento é feito para as quatro cirurgias extras.
Pollara, cirurgião, afirma que o período de 12 horas é suficiente porque os procedimentos, como retirada de vesícula por laparoscopia, são rápidos.
"Eu faço uma vesícula em 15 minutos", gabou-se o secretário.
Pollara afirmou que os médicos não se queixaram e que as empresas têm doado medicamentos, equipamentos e insumos para os exames porque "tem uma vontade de colaborar hoje em dia".
Ex-secretário do governador Geraldo Alckmin (PSDB), Pollara disse ao BuzzFeed que a colaboração dos empresários é maior para o prefeito João Doria do que para o governador.
"O Alckmin é menos pidão", brincou o secretário.