O Conar (Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária) decidirá nos próximos dias se julgará sua própria campanha, lançada na semana passada para falar exatamente de autorregulamentação.
Ao abordar temas de representatividade de gênero, etnia e orientação sexual, a campanha resultou em pelo menos três reclamações formais junto ao órgão e críticas nas redes sociais
Assinada pela agência AlmapBBDO, a campanha traz dois comerciais de 30 segundos com o mesmo roteiro: a tela se divide em duas, mostrando diferenças de abordagem na composição de cenários e personagens, com o intuito de falar sobre "separar o que é gosto pessoal do que é ofensivo e ilegal".
Em uma das telas, por exemplo, é mostrado um casal formado por homem e mulher com filhos tomando o café da manhã com os filhos; na outra tela o casal é composto por duas mulheres.
"A campanha reduz a 'gosto pessoal' questões que são muito mais sérias", afirma Ricardo Sales, dono da agência Diversidade e consultor de diversas marcas sobre o tema. Pesquisador da Escola de Comunicações e Artes da USP, Sales é autor de uma das reclamações que estão sendo avaliadas pelo Conar.
Em outra cena da campanha, são mostrados dois grupos de atores, um deles só de pessoas brancas e outro com uma mulher branca e dois homens, um negro e um asiático. O narrador orienta o telespectador a olhar para a tela da qual gostar. "Você acha que todo filme precisa ter gente de toda etnia? Olha para a tela da direita aí, ó. Caso contrário, olhe para a esquerda".
Esses temas são apresentados ao telespectador com outras questões sobre gosto por frutas ou "bexigas normais ou com gás hélio". Para Ricardo Sales, a abordagem foi irresponsável. "Representatividade não é gosto pessoal. Representatividade importa", diz ele.
Nem o Conar nem a AlmapBBDO quiseram se manifestar sobre o conteúdo da campanha.