A Fundação Pró-Sangue, do governo estadual de São Paulo, desenvolveu um jogo educativo para estimular a doação de sangue. Em papel, o jogo mostra o passo a passo do doador. Quando chega no exame de teste do sangue doado, se a sorologia é positiva, a resposta é: "Você perdeu!!! O jogo acabou para você".
O doador de sangue Felipe Held recebeu o kit e ficou espantado com o material, que vem acompanhado de um bombom, lápis de cera e um dado para o jogo.
"Tá, fazendo um esforço enorme, relevando um milhão de coisas, entendi: no joguinho, quem tira a cartinha do HIV positivo não pode doar sangue. Ok. Mas não consigo compreender o porquê desta abordagem de gosto tenebroso!", escreveu ele em um post no Facebook.
"Imagine uma criança HIV positivo jogando este jogo? Ou alguém que possui parente, amigo ou conhecido que é portador(a) do vírus? Ou uma pessoa portadora do vírus? Que mensagem a pessoa recebe com isso? 'Perdi? O jogo acabou para mim?' A troco de quê alguém faz isso, gente?", questionou o doador de sangue.
A queixa de Held ganhou força na rede social e a Fundação Pró-Sangue respondeu que o jogo tinha a intenção de ser didático.
Ao BuzzFeed News a instituição afirmou que sorologia positiva referiu-se a um termo técnico e não a soropositivos de HIV, uma vez que pode ser considerada sorologia positiva para outros tipos de doença, como Chagas, sífilis e hepatites B e C.
No entanto, diante do que considerou uma "interpretação diversa", a entidade recolheu os jogos restantes.
A Fundação Pró-Sangue também fez uma nota pública em que se desculpou e a remeteu a Felipe Held. "Lamentamos o ocorrido e mais uma vez nos desculpamos", diz a nota.