Com PT e PSOL excluídos da formação de um bloco de esquerda do Congresso, o candidato derrotado a presidente Guilherme Boulos (PSOL) disse em entrevista ao BuzzFeed News que uma frente de oposição ao governo Bolsonaro "não pode ter dono, hegemonismo nem veto".
O bloco de esquerda do Congresso tem sido negociado entre o PDT de Ciro Gomes, o PC do B de Manuela D'Ávila e o PSB. Foram convidados ainda o PV e o PPS, mas o PSOL, que terá dez deputados, não foi chamado, assim como o PT, que terá a maior bancada da Casa, com 56 parlamentares.
Boulos disse que seu partido tem tentado articular o que chama de "frente democrática" com partidos e movimentos sociais. Na semana passada, ele se reuniu em Brasília com líderes de PT, PDT, PSB e PC do B. Mas ainda não houve convite para ingressar no bloco de esquerda no Congresso.
"Existe uma dinâmica própria do Congresso. Uma coisa é a articulação parlamentar. Estamos preocupados em construir algo mais amplo", disse Boulos.
O socialista disse que "o momento atual requer unidade".
O PDT, depois da eleição presidencial, tem feito um movimento para isolar o PT no Congresso. Os partidos de esquerda também criticam o PT por anunciar, desde o fim da eleição, que lideraria a oposição ao governo Bolsonaro.
Para o candidato derrotado do PSOL, a condução da oposição tem de ser compartilhada. "Numa frente dessas não cabe hegemonismo nem veto", disse Boulos. "Ninguém saiu desse processo eleitoral em condições de dizer 'eu que conduzo'. Não cabe isso nem do PT, nem do PDT", afirmou.
"Quem achar que com cento e poucos deputados vai costurar a oposição será tratorado, como disse o filho do Bolsonaro [o deputado reeleito Eduardo Bolsonaro]", afirmou Boulos, defendendo que a oposição parlamentar seja articulada com setores da sociedade.