Um auditor da Receita Federal é suspeito de receber, em conluio com um empresário e um advogado, já falecido, propinas no valor de R$ 160 milhões para liberar com rapidez créditos tributários de R$ 2 bilhões para o grupo JBS, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. A denúncia foi feita por um delator do próprio grupo à Polícia Federal e ao Ministério Público.
A Procuradoria Regional da República pediu a prisão do auditor, cujo nome é mantido em sigilo, mas a Justiça Federal apenas bloqueou seus bens e o afastou do serviço. Nesta segunda (11) foram cumpridos 14 mandados de busca e apreensão nos imóveis do auditor e de pessoas ligadas a ele, ao empresário e ao advogado.
O auditor usava empresas de fachada para movimentar o dinheiro e investia em imóveis de luxo, como casas de veraneio e de campo. A Polícia Federal fez buscas em dois desses imóveis, um em Caraguatatuba e outro em Campos do Jordão.
Também apreendeu, segundo a PF, dezenas de veículos, entre eles um Camaro branco. O MPF localizou também a venda recente de uma Ferrari. Monitorado há alguns meses, o auditor estava tentando se desfazer de seu patrimônio aparente.
Ele será processado por corrupção passiva, enriquecimento ilícito e improbidade administrativa. O MPF não descarta pedir mais uma vez sua prisão preventiva.
A Receita Federal ainda investiga se os R$ 2 bilhões foram apenas liberados de forma irregular, com muita rapidez, ou se a JBS nem sequer tinha direito a todos esses valores de créditos tributários.
Segundo Guilherme Bibiani, delegado de administração tributária da Receita Federal de São Paulo, "é possível que haja uma fraude de centenas de milhões de dólares". O montante total ainda não foi calculado.