O vereador Ronilson Alves (PTB) chegou à Câmara de Vereadores de Caratinga (298 km de Belo Horizonte) em um camburão da polícia. Com o uniforme de presidiário, só teve as algemas retiradas para assinar o termo de posse do cargo, assumido na terça-feira (3), e ler um texto de compromisso com a cidade.
Ele foi reeleito com 854 votos, mas está preso desde o dia 19 de dezembro quando tentava se esconder da polícia em uma cidade do interior do Estado do Rio. Ronilson é suspeito de participar da tentativa de extorsão de um padre local.
A vítima é o padre José Antônio Nogueira, ex-dirigente do Hospital Nossa Senhora Auxiliadora, de Caratinga. Ele deixou o cargo e a cidade depois do escândalo. Sob ameaça de divulgação de imagens de um suposto relacionamento homossexual, o padre estava sendo chantageado por homens que queriam R$ 200 mil em troca das imagens.
Segundo o advogado Dário Soares Júnior, que defende Ronilson, o vereador é investigado por ser um dos integrantes do grupo que queria dinheiro do religioso, mas ele estaria intermediando a conversa. "Ronilson diz que queria ajudar o padre", afirma o advogado.
O padre, que teria deixado a cidade depois que o caso veio à tona, começou a ser ameaçado em novembro. A extorsão, a princípio, era de R$ 200 mil. Depois de conversas telefônicas interceptadas pela polícia, o preço caiu para R$ 90 mil.
O religioso, orientado pela polícia, armou o flagrante para os chantagistas, um encontro em sua casa onde, supostamente, entregaria o dinheiro. O vereador não estava nesse momento, quando foram presas três pessoas. Ao final do inquérito, no entanto, Ronilson teve prisão preventiva decretada e ficou cerca de 15 dias escondido da polícia.
Ele foi capturado no dia 19 de dezembro, no Estado vizinho.
Segundo o regimento interno da Câmara, Ronilson poderia tomar posse em até 10 dias depois da posse oficial, em 1 de janeiro. E foi o que aconteceu na terça-feira, sob protestos de alguns moradores que aguardavam na entrada da Câmara.
Depois de assinar a posse, Ronilson retornou à prisão. Ele ainda não foi denunciado pelo Ministério Público, cuja denúncia deverá ser concluída ainda esta semana. Se advogado tentará o relaxamento da prisão antes que acabe o recesso parlamentar, em 15 de fevereiro.
Mas, mesmo que esteja preso, ele poderá participar das sessões da Câmara. "Ele poderá participar das reuniões desde que tenha como escoltá-lo. Mas queremos resolver esse caso bem antes disso. Meu cliente nega o crime", concluiu o advogado, por telefone, ao BuzzFeed Brasil.