• newsbr badge

21 fotos lindas de casamentos homoafetivos que o promotor de Florianópolis quer anular

O promotor nunca conseguiu anular um casamento no Tribunal de Justiça, mas ele segue tentando.

O promotor público Henrique Limongi, de Florianópolis, está tentando anular na Justiça os casamentos homoafetivos que aconteceram na cidade. Na semana passada, o BuzzFeed News revelou que Limongi já fez isso com 69 casais desde 2015.

Ele é responsável por autorizar os casamentos em Florianópolis e tem barrado uniões de pessoas LGBTQ, alegando que não são permitidas pela Constituição. Como desde 2013 o casamento homoafetivo é garantido pelo Supremo Tribunal Federal e pelo Conselho Nacional de Justiça, os casais conseguem se casar contra a vontade do promotor.

Depois que as cerimônias já foram realizadas, os casais recebem uma intimação dizendo que o promotor quer anular tudo no Tribunal de Justiça de Santa Catarina.

Limongi segue com esse procedimento em todo caso de união homoafetiva que é requerido em Florianópolis, apesar de que, segundo o TJ no entanto, o promotor NUNCA conseguiu a anulação de um casamento. Mas o promotor continua tentando. E os casais têm de contratar advogado para resolver o problema.

A seguir, cenas de três dos casamentos que o promotor de Florianópolis quis impedir — e que agora, depois de realizadas as cerimônias, ele tenta anular.

FLÁVIA & PAULA

Juntas desde 2014, a administradora Flávia Kfouri, 37, e a psicoterapeuta Paula Veiga, 37, casaram-se em julho do ano passado. Em abril, receberam uma intimação judicial informando que o promotor Limongi quer anular a união.

"Eu recebi a intimação e não sabia bem o que fazer com aquilo. Não sabia até onde isso poderia ir. Agora que o caso veio à tona [a notícia sobre a conduta do promotor], a gente vai tentar reunir o maior número possível de pessoas para lutar contra", diz Flávia.

Flávia contou que, quando foi ao cartório para ingressar com os documentos da cerimônia, o funcionário foi logo avisando que, em média, os documentos ficam prontos em até 25 dias. Mas, como já se sabe que o promotor vai negar o pedido, essa espera se estende para dois meses e meio.

FÁBIO & SIDNEI

O professor de educação física Fábio Alexandre Frutuoso, 45, trabalha na realização de casamentos. Para celebrar o seu, com o vendedor Sidnei Moraes, 53, planejou uma cerimônia à beira da lagoa de Florianópolis, no dia 26 de setembro de 2015.

Mas o promotor Henrique Limongi negou a habilitação e o casal teve de adiar o casamento porque a papelada do cartório acabou atrasada. Fábio e Sidnei desistiram da festa e remarcaram, com um convite online, a cerimônia para fevereiro do ano seguinte.

A festa, que seria feita antes ao ar livre, transformou-se em uma cerimônia íntima, em casa, para os amigos mais próximos. Ainda assim, foi feita com delicadezas, como o bolo de Minions, já que o casal é apaixonado pelo filme Meu Malvado Favorito.

Mesmo com os documentos assinados, o casal hoje teme ter sua união cancelada pelo promotor. "Eu espero que a certidão continue válida. Tenho medo de que, a qualquer momento, o promotor consiga anular", diz Fábio.

Sobre a festa cancelada, Fábio conta que ficou muito magoado. "Eu faço casamentos, ajudo a realizar o sonho de noivas, mas não pude realizar o meu. Acabamos fazendo uma cerimônia simples, na garagem, por insistência dos amigos."

Já a certidão de casamento, se deixar, Fábio manda enquadrar para colocar na sala. "Tenho muito orgulho."

ADRIELI & ANELISE

A engenheira civil Adrieli, 30, e a médica Anelise, 30, trocaram os votos em dezembro do ano passado. Juntaram seus sobrenomes e passaram a assinar Nunes Schons.


Foi uma grande festa, com amigos e as famílias das duas. O promotor Limongi já havia tentado impedir o casamento, mas elas obtiveram autorização da Justiça.

Na semana passada, Adrieli recebeu a intimação da Justiça, avisando que o promotor recorreu ao TJ para anular o casamento.

Elas tiveram de contratar uma advogada para representá-las no Tribunal de Justiça, onde três desembargadores deverão julgar o caso.

O BuzzFeed News tenta entrevistar o promotor Henrique Limongi desde a semana passada, mas ele disse que só "fala" pelos autos e enviou uma nota:

“O promotor de Justiça signatário não 'conversa' com ninguém sobre os processos – quaisquer que sejam – que lhe caem às mãos. Atua nos autos, só 'fala' nos autos.

Nesta esteira, não concede entrevistas e não 'defende' os pareceres – autoexplicativos, de resto – que emite.

Devoto do Estado de Direito, só presta contas – e o faz, diuturnamente – à Constituição e às Leis. No caso em tela, a Carta da República (art. 226, § 3º) é de solar clareza: no Brasil, casamento somente existe entre homem E mulher. E Resolução – nº 175 do CNJ, que autorizou o enlace entre pessoas do mesmo sexo – não pode, jamais, se sobrepor à Lei, notadamente à Lex Máxima.

Daí, e somente daí, as impugnações que oferta. Daí os recursos que interpõe.

Com a palavra – à derradeira –, o foro próprio, o Congresso Nacional!”

Veja também:

Promotor quer anular casamento de Adrieli e Anelise — e já tentou fazer isso com outros 68 casais LGBTQ



Utilizamos cookies, próprios e de terceiros, que o reconhecem e identificam como um usuário único, para garantir a melhor experiência de navegação, personalizar conteúdo e anúncios, e melhorar o desempenho do nosso site e serviços. Esses Cookies nos permitem coletar alguns dados pessoais sobre você, como sua ID exclusiva atribuída ao seu dispositivo, endereço de IP, tipo de dispositivo e navegador, conteúdos visualizados ou outras ações realizadas usando nossos serviços, país e idioma selecionados, entre outros. Para saber mais sobre nossa política de cookies, acesse link.

Caso não concorde com o uso cookies dessa forma, você deverá ajustar as configurações de seu navegador ou deixar de acessar o nosso site e serviços. Ao continuar com a navegação em nosso site, você aceita o uso de cookies.