O Grupo Abril, maior editora de revistas do país, está efetuando um corte em massa no seu portfólio de publicações e a demissão de um número ainda incerto de funcionários. Segundo as primeiras informações, Veja, Exame e Cláudia continuarão sendo publicadas, mas os cortes atingirão ao menos dez outras revistas da Abril.
O BuzzFeed News apurou que o total de demitidos ou de prestadores de serviço dispensados estaria entre 550 e 600 pessoas – cerca de 150 ou 170 jornalistas, entre eles. O comunicado oficial do grupo não detalha o número. Em nota, o Sindicato de Jornalistas de SP repudiou a demissão em massa de "dezenas de jornalistas."
O movimento de enxugamento, o maior de um grande grupo brasileiro de mídia na história recente, acontece menos de duas semanas depois que os credores da Abril, principalmente bancos, promoveram uma intervenção branca no grupo, afastando a família Civita dos postos de direção.
Os cortes estão sendo liderados por Marcos Haaland, da empresa de consultoria americana Alvarez & Marsal, que ocupa a presidência executiva desde o dia 20 de julho, quando substituiu Giancarlo Civita. Na ocasião, Victor Civita Neto também renunciou ao posto de presidente do conselho editorial.
As revistas a serem fechadas serão Cosmopolitan, Elle, Boa Forma, Mundo Estranho, Arquitetura e Construção, Casa Cláudia, Minha Casa, além dos sites Casa.com, Educar para Crescer e Bebe.com.
A descontinuidade foi anunciada em uma reunião interna com funcionários na manhã desta segunda (6). Na nota oficial, o grupo afirmou que os cortes fazem parte de um processo de reestruturação com objetivo de "garantir a saúde operacional em um ambiente de profundas transformações tecnológicas".
O BuzzFeed News apurou que haverá cortes de pessoal mesmo nas publicações que não serão extintas. Na Veja, por exemplo, a meta é eliminar algumas centenas de milhares de reais em folha de pagamento e custeio por mês. Isso envolveria, inclusive, a demissão de editores com muitos anos de casa e com altos salários.
A agonia da Abril foi descrita, em letra impressa, no balanço do grupo publicado em 30 de abril. Nele, a consultoria PricewaterhouseCoopers afirmou que existe uma "incerteza relevante relacionada com a continuidade operacional" do grupo.
A Abril e suas controladas fecharam 2017 com R$ 368 milhões no vermelho. Em 2016, o prejuízo já havia sido quase idêntico, R$ 367 milhões. Segundo o balanço, o patrimônio líquido do grupo fechou negativo em R$ 715 milhões. A íntegra está aqui.