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Fim do Esporte Interativo na TV paga agrava quadro de demissões no setor de mídia

Depois da Abril demitir centenas, canal esportivo surpreendeu anunciando fim das atividades na TV, depois da aquisição de direitos de transmissão de campeonatos importantes.

O anúncio de encerramento das atividades do Esporte Interativo na TV paga agravou o quadro de demissões em massa no setor de mídia do país. A Turner Brasil, que pertence à americana AT&T, não divulgou um número de funcionários dispensados nesta quinta (9).

Eles seriam entre 150 e 200, de acordo com fontes internas da companhia – o que não foi confirmado oficialmente. Nem os sindicatos de jornalistas de São Paulo e do Rio têm uma estimativa.

Na segunda, foi o Grupo Abril que anunciou a extinção de 10 revistas e sites de jornalismo e um corte de pessoal – 570 funcionários, segundo apurou o BuzzFeed News, 170 deles, jornalistas – número também não confirmado pela Alvarez & Marsal, firma de consultoria que assumiu o comando executivo do conglomerado com a saída de membros da família Civita dos postos de direção.

No posicionamento oficial, a empresa informou que vai transferir as partidas transmitidas pelo Esporte Interativo para os canais TNT e Space, nas operadoras de TV a cabo. A saída do canal da TV deverá acontecer dentro de 40 dias, mas a marca Esporte Interativo continuará nas redes sociais, onde tem uma forte presença. Só no Facebook, a página do Esporte Interativo tem 16 milhões de seguidores.

O anúncio do fim do Esporte Interativo surpreendeu porque a Turner havia adquirido os direitos para transmitir a Champions League pelas próximas três temporadas e, a partir do ano que vem, a série A do Campeonato Brasileiro até 2024.

A reunião para anunciar o fim das atividades do canal na TV paga ocorreu numa sala do Sheraton Hotel (um dos mais luxuosos de São Paulo). Os funcionários, muitos deles tirados da folga para participar do encontro, passaram quase três horas no local.

Um dos demitidos que falou ao BuzzFeed News em condição de ter a identidade preservada se disse atordoado com a decisão porque a empresa havia comprado direitos de campeonatos importantes.

Durante o dia, circulou um rumor que os funcionários teriam recebido crachás antes da reunião com os números 1 e 2 – sendo que o primeiro era destinado aos demitidos e o segundo aos sobreviventes do corte. Esta informação não foi confirmada pela maioria das fontes com quem a reportagem falou e foi veementemente negada pela assessoria do Esporte Interativo.

O Esporte Interativo ganhou musculatura num negócio praticamente dominado pela Globo depois de 2013, quando a Turner pagou R$ 80 milhões pelo canal, de acordo com o Valor Econômico. Quando os americanos chegaram, o canal tinha direitos apenas de alguns torneios regionais e da NFL (futebol americano).

Em março do ano passado, a Turner mudou seu comando executivo, demitindo o diretor-geral Gustavo Diament, e instalando como chefe da operação brasileira o executivo Antonio Barreto. Foi Barreto que anunciou, em comunicado, a estratégia de levar as partidas do Esporte Interativo à TNT e Space, criando o que ele chamou de "superstations", mesclando na programação destas franquias futebol ao vivo, séries, programas de variedade e blockbusters de Hollywood.

Fusão

O grupo Time Warner foi comprado pela telecom AT&T este ano por US$ 81 bilhões – num negócio contra o qual o Departamento de Justiça dos Estados Unidos anunciou que vai recorrer. No Brasil, a fusão foi aprovada com restrições pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), com restrições em outubro de 2017.

A preocupação da autoridade antitruste é que a AT&T, que é dona da Sky, favorecesse os canais da Turner em detrimento dos demais produtores de conteúdo para a TV paga. Um dos compromissos assumidos com o Cade pela AT&T foi manter a Sky Brasil e as programadoras de canais Time Warner como pessoas jurídicas separadas e com estruturas de administração e governança próprias, sem troca de informações sensíveis. .

Veja também:

Os bastidores do corte de revistas e das demissões em massa no Grupo Abril, a maior editora do país



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