Operador diz que fez 216 entregas de dinheiro vivo para caciques do PMDB

    Lúcio Funaro disse em sua delação que distribuiu um total de R$ 106 milhões. Geddel, aquele da montanha de R$ 51 mi, recebeu R$ 11 milhões do operador.

    O operador Lúcio Funaro apontou em sua delação 216 entregas de dinheiro vivo para três dos principais integrantes da cúpula do PMDB. No total, segundo o delator, os ex-deputados Eduardo Cunha, Geddel Vieira Lima e Henrique Eduardo Alves receberam R$ 106 milhões entre 2011 e 2015.

    As informações estão no relatório da Polícia Federal que concluiu que o grupo do "PMDB da Câmara" formava uma organização criminosa. Funaro, ligado a Eduardo Cunha, é figura central nesse roteiro.

    Isso porque era ele quem pegava o dinheiro das empresas interessadas em receber investimentos da Caixa Econômica. Para isso, ele usava uma empresa de fachada, que supostamente prestava consultoria a empresas, como a JBS.

    Depois, Funaro se encarregava de pegar os valores e transformá-los em dinheiro vivo. Ele usava um doleiro do Rio de Janeiro, que emitia boletos de um supermercado. As faturas eram pagas por Funaro e então as entregas eram agendadas.

    A Polícia Federal avançou nas investigações, sobretudo em relação a Geddel Vieira Lima.

    Para quem não se lembra, Geddel é o ex-ministro de Temer que foi preso pela segunda vez após a PF apreender essa montanha de dinheiro, que totalizava R$ 51 milhões.

    Funaro apresentou uma planilha com 12 entregas a Geddel, totalizando R$ 11 milhões. A PF então cruzou as datas com os registros do hangar do aeroporto de Salvador, onde Geddel morava.

    Os registros eram coincidentes: a data na planilha de Funaro correspondia a uma entrada no aeroporto com o jatinho de Funaro.

    Foi assim, por exemplo, em maio de 2014. A planilha de Funaro registrou, nos dias 7 e 8, R$ 1 milhão recebidos do doleiro responsável por viabilizar o dinheiro vivo. A planilha registrou ainda um pagamento do mesmo valor, no mesmo dia, para G _ inicial de Geddel.

    Na manhã do mesmo dia 8 de maio, um hangar de Salvador anotou um pouso e decolagem do jatinho de Funaro. Ele ficou apenas 22 minutos na cidade. Para a PF, isso é um claro indício da entrega de dinheiro.


    O ASSALTO

    Um dos episódios curiosos citados por Funaro envolve o ex-ministro Henrique Eduardo Alves, atualmente preso pela Lava Jato. Em julho de 2013, um ex-assessor do deputado foi à delegacia para registrar um episódio incomum: ele foi assaltado quando carregava uma mala com R$ 100 mil.

    Agora, Funaro conta que, na véspera do assalto, havia entregue R$ 200 mil para esse mesmo assessor.

    Os maiores valores foram destinados a Eduardo Cunha, a quem Funaro era mais próximo. Foram 181 entregas, totalizando R$ 89 milhões.

    "O citado relatório identificou no material apreendido e pertencente a LÚCIO BOLONHA FUNARO uma vasta quantidade de registros de movimentações operadas por LUCIO FUNARO a EDUARDO CUNHA, entre os anos de 2011 a 2015, contudo não se pode afirmar inequivocamente que as mesmas correspondam ao total das entregas de dinheiro efetuadas, mas apenas as localizadas até o presente momento. Realizando o somatório, foram identificadas 181 (oitenta e uma) operações que resultaram num montante de R$ 89.538.078,32 (oitenta e nove milhões quinhentos e trinta e oito mil setenta e oito reais e trinta e dois centavos), entre os anos de 2011 a 2015, repassados por LUCIO BOLONHA FUNARO em favor do ex-Presidente da Câmara EDUADO CUNHA", escreveu a PF.

    Já o presidente Michel Temer, segundo Funaro, aparece como o mandante de pagamentos de caixa dois para Gabriel Chalita, candidato derrotado à prefeitura de São Paulo em 2012.

    "Verificou-se nas planilhas de LUCIO BOLONHA FUNARO que os valores repassados para a campanha de GABRIEL CHALITA à Prefeitura da cidade de São Paulo/SP do ano de 2012 em atendimento a solicitação do então Vice-Presidente MICHEL TEMER e de EDUARDO CUNHA, se estenderam entre os anos de 2012 a 2013, totalizando o montante de R$ 5.460.000,00".

    Veja também:

    PF conclui que Temer e PMDB da Câmara formam organização criminosa

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